Ataque iraniano foi inesperado e reação é "imprevisível mas preocupante"
A reação do Irão, que na madrugada de hoje atacou instalações militares com soldados norte-americanos no Iraque, foi "inesperada" e a reação dos EUA é "imprevisível mas extremamente preocupante", referiu à Lusa o major-general Carlos Branco.
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Mundo EUA/Irão
"Estava convencido que a reação americana tinha contribuído para travar o crescendo de violência da parte iraniana, que tinha ido ao ponto do ataque à embaixada americana em Bagdad", referiu o major-general na reserva numa referência ao ataque aéreo na passada sexta-feira na capital do Iraque, que matou o general Qassem Soleimani, comandante da força de elite iraniana Al-Quds, e ordenado pelo Presidente dos EUA, Donald Trump.
"Esta reação [do Irão] é inesperada. Julgava que as palavras exaltadas dos dirigentes iraquianos, eram fundamentalmente dirigidas à opinião pública interna, uma retórica para consumo interno e que não se iriam materializar em atos. Esperava uma reação pelos fazedores de opinião mais ponderada, mais prolongada, mais cautelosa no tempo, e que depois veriam quais as medidas a tomar. Mas não uma reação tão imediata como hoje aconteceu", acentuou.
O especialista em assuntos internacionais considera que a reação norte-americana é "imprevisível, mas extraordinariamente preocupante".
"É imprevisível, mas uma reação 'dente por dente' não vai dar bons resultados", frisou.
Dezenas de mísseis iranianos foram lançados esta madrugada contra duas bases militares onde estão estacionadas tropas norte-americanas, anunciou a televisão estatal do Irão.
A estação descreveu esta ação, com mísseis terra-terra, como uma operação de vingança na sequência da morte do general iraniano Qassem Soleimani.
Um porta-voz do Departamento de Defesa norte-americano, Jonathan Hoffman, citado pela France-presse, disse que "o Irão disparou mais de uma dúzia de mísseis balísticos contra as forças militares dos Estados Unidos da América e da coligação em Ain Assad e Arbil", acrescentando que "está claro que os mísseis foram disparados" a partir de território iraniano.
O major-general Carlos Branco considera que os iranianos "ultrapassaram uma linha vermelha" com o assalto à embaixada dos EUA em Bagdad, em 31 de dezembro, e que provocou a reação de Trump.
"Mas a reação de Trump tem de se perceber dentro de determinados limites. Trump não vai ao Irão e não faz ataques aéreos, não bombardeia as instalações nucleares iranianas, foi um ataque de objetivo limitado e no Iraque. Foi também um uso da força cauteloso dentro de determinados parâmetros", acrescentou.
O Irão, ao decidir-se por esta ação militar "inesperada" poderá agora aguardar uma "retaliação forte e pesada", indicou.
"Agora têm de esperar que a retaliação pode ser grande e pesada. Não será na forma de deslocamento de tropas, não será na forma de uma invasão, mas serão ataques aéreos pesados contra instalações nevrálgicas, centros de comunicação, eventualmente as próprias instalações nucleares dos iranianos", precisou o major-general.
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