"É o primeiro governo de coligação da história da democracia" e "terá várias vozes, mas uma mesma palavra", disse Pedro Sánchez numa breve declaração aos jornalistas depois de ter comunicado ao rei Felipe VI a lista completa do novo executivo.
Para o chefe do Governo, a 14.ª legislatura também vai ser de "diálogo", "compreensão" e "convivência" entre "famílias políticas distintas".
A investidura de Sánchez teve a aprovação na passada terça-feira de 167 deputados do parlamento, tendo votado contra 165, uma diferença de apenas dois membros da assembleia.
Pedro Sánchez lidera um executivo minoritário que conseguiu ser investido depois de ter negociado a abstenção dos 13 deputados independentistas catalães da ERC (Esquerda Republicana da Catalunha), aceitando a criação de uma "mesa de diálogo" para resolver "o conflito político sobre o futuro da Catalunha".
"Queremos uma Espanha de moderação e não confronto", disse o chefe do Governo na declaração sem direito a perguntas dos jornalistas, acrescentando que o executivo "progressista" nasceu com a intenção "de dialogar para resolver todas as diferenças".
Sánchez insistiu que "os cidadãos exigem dos políticos uma Espanha da moderação e não da tensão, uma Espanha da convivência e não da discórdia e do excesso de excitação".
Por outro lado, o primeiro-ministro espanhol delineou que os principais desafios que prevê para a legislatura vão-se centrar no "crescimento económico, acordo sobre as regiões, justiça social, transformação digital da economia e plena igualdade para a mulher".
Os membros do executivo formado entre o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e o Unidas Podemos tomam posse na segunda-feira, perante Felipe VI, e têm a primeira reunião (Conselho de Ministros) na terça-feira.
Sem contar com o primeiro-ministro, o novo executivo tem 22 membros, 11 mulheres e igual número de homens.
O primeiro Governo de coligação e o segundo maior em número de ministros da atual época democrática, iniciada com a Constituição de 1978, vai ter quatro vice-presidências, três delas ocupadas por mulheres, e uma quarta ocupada pelo líder do partido de extrema-esquerda Podemos, Pablo Iglesias.
No novo executivo, que tem ainda mais quatro ministros de extrema-esquerda, Pedro Sánchez decidiu dar prioridade à economia e surpreendeu com a nomeação de vários titulares com perfil técnico em pastas como a dos Negócios Estrangeiros, reconduzindo um bom número ministros do executivo anterior.
A nova responsável pela diplomacia espanhola é Arancha González Laya, uma jurista especialista em comércio internacional que até agora dirigia o Centro de Comércio Internacional (ITC), um organismo conjunto da ONU e da Organização Mundial do Comércio (OMC) dedicado a esta área.
A investidura do novo executivo põe fim a oito meses de paralisia política, em que Sánchez liderou um executivo de gestão.
O programa do Governo de coligação minoritário prevê o aumento dos salários mais baixos e dos impostos sobre as grandes empresas, assim como a reversão da reforma do mercado de trabalho aprovada em 2012 pelo Governo de Mariano Rajoy, do PP (Partido Popular, direita).