Em entrevista à RTP, emitida na noite desta quarta-feira, Isabel dos Santos admite poder vir a ser candidata à presidência de Angola, quem sabe já nas próximas eleições em 2022. “Farei tudo para defender e prestar os serviços à minha terra, ao meu país. É possível”, afirma.
Sobre os processos de que está a ser alvo, a empresária e filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos reitera estar a ser "objeto de uma perseguição judicial" em Luanda para ser "neutralizada politicamente".
"Não podemos utilizar a suposta luta contra a corrupção de forma seletiva para poder neutralizar o que achamos que podem ser candidatos políticos. O que se está a fazer hoje em Angola são processos políticos, seletivos, que têm a ver com a luta de poder dentro do próprio MPLA", disse.
"Hoje o MPLA tem um problema porque o seu balanço económico, social, nos últimos dois/três anos é muito fraco, não apresenta resultados. Estamos a chegar a um ponto em que o país pode chegar à bancarrota", considerou Isabel dos Santos.
Recorde-se que o Tribunal Provincial de Luanda decretou, no passado dia 30 de dezembro, o arresto preventivo de contas bancárias pessoais de Isabel dos Santos, do marido, Sindika Dokolo, e do português Mário da Silva, além de nove empresas nas quais a filha do antigo Presidente detém participações sociais.
O tribunal acusou os três de ocultarem "património obtido às custas do Estado", sustentando ainda que a filha do antigo Presidente angolano, através do seu sócio Leopoldino Fragoso do Nascimento, estaria a "tentar transferir alguns dos seus negócios para a Rússia".
O tribunal estima que o valor das perdas para o Estado angolano ultrapassa os mil milhões de dólares (894 milhões de euros). Isabel dos Santos detém participações em Portugal em setores como a energia (Galp e Efacec), telecomunicações (NOS) ou banca (EuroBic).
A decisão do tribunal realça ainda o papel crucial desempenhado por José Eduardo dos Santos no negócio de diamantes da filha e seu marido, Sindaka Dokolo.