Um estudo da Universidade de Pequim e da Universidade de Bioengenharia de Wuhan, publicado na quarta-feira no 'Journal of Medical Virology', indica que o surto do coronavírus pode ter tido origem nas cobras vendidas no mercado de mariscos Wuhan. Esta foi a causa provável da primeira infeção do novo coronavírus em humanos apontada pelos cientistas.
Recorde-se que o vírus foi inicialmente detetado no mês passado num mercado de mariscos nos subúrbios de Wuhan, a capital da província de Hubei, que é também um importante centro de transporte doméstico e internacional, mas alastrou, entretanto, a várias províncias chinesas.
Agora, o estudo, citado pelo G1, detalha que a primeira infeção em humanos terá ocorrido através do contacto de trabalhadores do mercado com a carne de cobra. “Muitos pacientes foram potencialmente expostos a animais no mercado de frutos do mar de Huanan, onde também eram vendidas aves, cobras, morcegos e outros animais silvestres”, diz o estudo.
Para chegar a estes resultados, os cientistas levaram a cabo uma análise em que identificaram o material genético dos animais vendidos no referido mercado. Alguns resultados também apontavam para uma sequência genética do vírus nos morcegos, mas entretanto a hipótese de este ter sido o primeiro ponto de contágio foi descartada. Ora, os estudiosos acreditam que foi mesmo através das cobras que o vírus chegou aos humanos, nomeadamente através da cobra chinesa.
O estudo não é, porém, claro quanto à forma de transmissão do vírus. Os cientistas não conseguiram perceber como é que o vírus passou do sangue frio das cobras para o sangue quente dos humanos. Para o vírus ter conseguido 'sobreviver' a esta variação significa que é "muito adaptável".
Até ao momento, cerca de 600 pessoas foram infetadas, essencialmente no território chinês, e 17 morreram, todas em Wuhan ou na sua província, Hubei. Arábia Saudita, Coreia do Sul, EUA, Japão, Singapura, Taiwan, Tailândia, Vietname e regiões administrativas especiais chinesas são os locais onde as autoridades já identificaram pacientes com resultado positivo ao teste do coronavírus.
Para além disso, há quatro casos que estão a ser estudados na Escócia por suspeita de infeção pelo coronavírus. Trata-se de pessoas que estiveram em Wuhan e que apresentam sintomas respiratórios.