Líbia: Partes em conflito vão transformar trégua em cessar-fogo duradouro

A comissão militar conjunta líbia, que integra dez oficiais em representação das duas partes em conflito no país, decidiram hoje transformar a "trégua" num "cessar-fogo duradouro", anunciou o enviado da ONU para este país.

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Lusa
04/02/2020 11:19 ‧ 04/02/2020 por Lusa

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Líbia

"As duas partes chegaram a Genebra e começámos ontem [na segunda-feira] a discutir a longa lista de temas na agenda, começando pela tentativa de transformar (...) a trégua num verdadeiro acordo de cessar-fogo", afirmou Ghassan Salame em conferência de imprensa.

"O objetivo foi adotado durante a primeira sessão, agora a questão é saber como torná-lo realidade", admitiu.

Desde abril, as forças do marechal Khalifa Haftar, que controla o leste do país e pretende conquistar Trípoli, está em conflito com as forças de de Fayez al-Sarraj, chefe do Governo da União Nacional (GNA), reconhecido pela ONU.

Pela primeira vez, oficiais militares dos dois lados reuniram-se em Genebra, onde iniciaram negociações indiretas, elogiou o enviado da ONU na conferência de imprensa.

A comissão militar conjunta é composta no formato "5+5", com cinco membros que representam o GNA e outros cinco em nome do marechal Haftar.

"Temos uma vontade real de ambos os lados de se sentarem e começarem a negociar juntos", disse Ghassan Salame, acrescentando que as partes ainda não estão em discussões diretas.

Esta primeira reunião deveria ter tido início em 28 de janeiro, mas foi adiada devido à ausência de representantes do marechal Haftar.

O encontro acabou por realizar-se depois de o enviado da ONU ter visitado, no sábado, o marechal Haftar, em Benghazi (leste), convencendo-o a ir a Genebra e participar na discussão.

A Líbia está mergulhada num caos político e social desde a queda de Muamar Kadhafi, em 2011, e a comunidade internacional está preocupada com o facto de o conflito transformar o país num nova Síria.

O enviado da ONU denunciou hoje, mais uma vez, as contínuas violações dos compromissos assumidos em Berlim, em 12 de janeiro, pela comunidade internacional para impedir ingerências e vendas de armas aos dois lados do conflito.

"Estamos preocupados porque consideramos que, apesar de as resoluções tomadas em Berlim terem sido muito claras, não estão a ser respeitadas pelas partes em conflito e vemos que novos mercenários e novos equipamentos chegam aos dois lados", referiu o enviado das Nações Unidas, apelando ao Conselho de Segurança para que adote rapidamente uma resolução que crie outra dinâmica e ponha fim aos combates.

Paralelamente às negociações militares em Genebra, a ONU lançou uma ronda de conversações sobre assuntos económicos cujo primeiro ciclo foi realizado em Tunes, em 6 de janeiro.

Segundo Salame, uma segunda ronda está marcada para 9 de fevereiro, no Cairo, altura em que a ONU espera que já tenham começado as discussões políticas em Genebra.

 

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