Oposição da Guiné-Conacri diz que autoridades proibiram manifestação

As autoridades da Guiné-Conacri proibiram hoje uma manifestação de uma coligação não-governamental opositora à liderança do Presidente do país marcada para quinta-feira, anunciaram hoje os organizadores do protesto, a Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC).

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Lusa
04/03/2020 22:07 ‧ 04/03/2020 por Lusa

Mundo

Guiné-Conacri

 

Num comunicado hoje emitido, a FNDC relata que "conforme o disposto na lei", enviou uma declaração sobre a realização da manifestação e o seu percurso aos vários municípios da capital guineense, Conacri.

"Infelizmente, esta abordagem que deveria ser entendida como um ato de boa fé pela FNDC, foi recusada pelas autoridades guineenses", refere a coligação que se opõe ao Presidente do país, Alpha Condé.

A FNDC pretende realizar uma manifestação contra Condé poucos dias depois de o chefe de Estado ter anunciado o adiamento de um referendo constitucional e das eleições legislativas no país, marcadas para o passado domingo, 01 de março.

Na ótica da FNDC, a decisão da administração é "prova suficiente de que Alpha Condé e os seus lacaios persistem numa lógica de conflito e violência" contra a coligação.

O grupo defende a realização da manifestação, considerando que é seu desejo "promover um relaxamento da tensa situação sociopolítica" da Guiné-Conacri.

Nesse sentido, a FNDC diz responsabilizar as autoridades guineenses "por tudo o que possa acontecer em consequência da sua recusa em envolver-se no caminho da paz e da harmonia nacional".

Alpha Condé chegou ao poder em 21 de dezembro de 2010, após vencer a segunda volta das presidenciais contra o ainda principal líder da oposição, Cellou Dalein Diallo, tendo sido reeleito em outubro de 2015.

Em 28 de fevereiro, o Presidente da Guiné-Conacri, Alpha Condé, anunciou o adiamento das eleições legislativas e de um referendo para uma nova Constituição até uma data não determinada.

O anúncio foi feito na televisão estatal, após a retirada de observadores eleitorais internacionais pela União Africana e pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental devido à insegurança.

"É por responsabilidade nacional e sub-regional que aceitamos um ligeiro adiamento da data das eleições. Não é uma capitulação ou um recuo, mas lealdade com a Guiné-Conacri de ontem e de hoje", disse então Condé.

Além de escolherem os deputados para a próxima legislatura, os guineenses deviam votar no domingo um muito contestado referendo constitucional que poderia prolongar a liderança de Condé por mais 10 anos e aprofundar uma crise política que tem provocado protestos violentos nos últimos meses.

Estima-se que desde outubro estes protestos tenham já resultado na morte de mais de três dezenas de pessoas.

A oposição suspeita de que a adoção destas alterações à Constituição sirva de pretexto para que Condé reponha a zero o número de mandatos enquanto Presidente.

Alpha Condé, 81 anos, critica a atual lei fundamental do país, datada de 2010, considerando que se trata de uma "concentração de interesses corporativos" com "lacunas e incoerências".

As eleições legislativas - inicialmente previstas para janeiro do ano passado e também elas adiadas por várias vezes desde então - tinham sido boicotadas por partidos da oposição.

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