"A interdição de voos para Itália, tendo em conta a prevalência de casos. Tomámos a decisão em tempo útil e oportuno e vai ser prorrogada até 30 de abril, porque tínhamos definido um período de três semanas e continuaremos a fazer avaliação da situação da epidemia em Itália", disse o chefe do Governo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, que falava, na cidade da Praia, durante a apresentação de um plano nacional de contingência para prevenção e controlo do Covid-19.
No final de fevereiro, o primeiro-ministro anunciou a interdição de todos os voos de Itália para Cabo Verde, devido ao alastrar do surto do novo coronavírus, uma medida que tinha o prazo de três semanas.
O Governo italiano anunciou quarentena em todo o país, a partir desta terça-feira, como medida para conter a propagação do surto, que já matou 463 pessoas e infetou quase oito mil no país.
Relativamente a outros países com casos da doença e onde há também um fluxo grande e permanente de transporte e diretos para Cabo Verde, nomeadamente Espanha, França e Portugal, Ulisses Correia e Silva afirmou que será mantida a "triagem e vigilância apertadas" no aeroportos.
Também anunciou que serão cancelados até 30 de junho todos os eventos internacionais no país, que reúnam números elevados de participantes vindos de países assinalados com a epidemia.
"Também esta é uma decisão que será sujeita a avaliação periódica da situação da epidemia a nível global e a nível de determinados países", prosseguiu Ulisses Correia e Silva, para quem a melhor opção que o país tem é preparar-se para "qualquer eventualidade".
É nesse contexto que o plano de contingência foi apresentando, destinando-se não só àprevenção e ação dos vários agentes, mas também à mobilização social, cuidados pessoais, acesso à informação e "blindagem à desinformação", ainda segundo o chefe do Governo.
"Estamos perante uma epidemia séria, de âmbito global, com impacto na saúde pública e na economia globais. Devemos, por isso, fazer uma abordagem muito séria e responsável, este apelo aos cidadãos cabo-verdianos no país e na diáspora", disse Correia e Silva.
O plano foi apresentado pelo diretor nacional de Saúde, Artur Correia, que disse que o documento é o culminar de medidas que vêm sendo tomadas mesmo antes de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter declarado o novo coronavírus como emergência de alcance internacional.
Fazendo um apelo a um "compromisso de todos", a proposta pretende "inspirar" as organizações do país a elaborarem os seus respetivos planos de contingência e, assim, aumentar a capacidade de resposta a nível nacional.
O documento aponta três níveis de ativação, sendo que o primeiro é o de alerta, em que o país se encontra neste momento, sem casos confirmados, seguido de perigo iminente, onde já teria um caso suspeito, e o nível de emergência nacional de saúde pública, que seria já com um caso confirmado da doença.
Além da vigilância epidemiológica nos portos e aeroportos, Artur Correia disse que o foco do plano vai ser igualmente na contenção de um possível caso que possa vir a surgir no país.
Uma intensa atividade formativa e de sensibilização dos profissionais de saúde e de todas as forças vivas para o enfrentamento da epidemia é outro dos pontos do plano de contingência.
O documento, que define ainda responsabilidades centrais e locais, vai ser validado ainda hoje, e deverá ser aprovado na quinta-feira em Conselho de Ministros para depois ser socializado e partilhado.
Na mesma ocasião, o diretor nacional de Saúde adiantou que todos os estudantes que vieram da China já saíram da quarentena domiciliária, que os que estão nessa situação são os que vieram de Macau e que há também alguns cidadãos chineses a serem seguidos.
A epidemia de Covid-19 foi detetada em dezembro e desde então foram infetadas mais de 110 mil pessoas, mas a maioria já recuperou. A doença provocou até ao momento cerca de 3.800 mortos.
Nos últimos dias, a Itália tornou-se o caso mais grave de epidemia fora da China.
[Notícia atualizada às 13h04]