"É preciso comprar e armazenar mais artigos médicos de emergência, incluindo equipamentos de proteção pessoal, para responder aos pedidos dos Estados-membros, que chegam todos os dias, ao segundo", disse o diretor do Africa Centre for Disease Control and Prevention (AfricaCDC) da União Africana.
John Nkengasong falava hoje, em conferência de imprensa, na sede da UA, em Adis Abeba, depois de as autoridades do Burkina Faso terem anunciado, ao final do dia de segunda-feira, a existência de dois casos de infeção pelo novo coronavírus.
Trata-se, segundo o Ministério da Saúde burquinabé, de um casal que regressou ao país em 24 de fevereiro depois de uma viagem a França e que se encontra em quarentena num hospital da capital Ouagadougou.
Uma terceira pessoa que esteve em contacto com o casal está sob observação médica.
Com os casos registados no Burkina Faso, são agora 10 os países africanos - seis dos quais na África subsaariana - que registam casos declarados da doença - África do Sul, Argélia, Burkina Faso, Camarões, Egito, Marrocos, Nigéria, Senegal, Tunísia e Togo.
A maioria dos mais de 90 casos registados, concentra-se no Egito.
Durante a conferência, John Nkengasong elencou as medidas que estão a ser tomadas pelo AfricaCDC para conter a propagação do vírus no continente, adiantando que, dos 55 países da organização, 43 Estados têm agora capacidade para fazer exames laboratoriais para deteção da doença.
"Não se pode controlar um vírus se não se consegue detetar", disse, sublinhando a necessidade de continuar a alargar esta capacidade à generalidade dos territórios de todos os Estados-membros com a compra e armazenamento de mais testes e mais pessoal treinado.
John Nkengasong disse ainda que técnicos do AfricaCDC estão a apoiar, no terreno, a resposta à doença em dois países: Nigéria e Camarões.
Os esforços dos países africanos no combate à doença estão também a ser acompanhados pelo AfricaCDC através do seu centro de emergência, bem como de conferências telefónicas semanais com as autoridades de saúde.
Os ministros da Saúde dos países da União Africana reuniram-se de emergência em 22 de fevereiro, tendo sido publicado, na sequência dessa reunião, um manual para avaliação, deteção e monitorização de pessoas em risco.
O diretor do AfricaCDC disse ainda estarem em elaboração um conjunto de linhas orientadoras para as concentrações de pessoas e aconselhou o reforço dos cuidados básicos, quer no convívio social, quer em matéria de higiene.
"As melhores medidas de proteção, uma vez que não temos ainda vacina ou tratamento, é reforçar medidas básicas de higiene, incluindo a lavagem de mãos com sabão, não tossir ou espirrar para o ar ou para as mãos", disse.
No caso da existência de sintomas, aconselhou o recurso aos serviços de saúde e o fornecimento de todo o histórico de informações sobre contactos e viagens.
O continente africano e em particular a África subsaariana, região onde os sistemas de saúde são em regra frágeis, mantém-se como uma das regiões menos afetadas pela epidemia de Covid-19.
Apesar de os sistemas de saúde serem frágeis, muitos destes países acumulam experiência na gestão de epidemias causadas por vírus como o Ébola ou a febre-amarela.