Estrangeiros em Pequim são apanhados de surpresa com quarentena

Steve Ribett viajou até Pequim após perder as poupanças devido a uma fraude com o seu cartão de débito na Indonésia, mas acabou por ser detido e forçado a pagar 1.500 euros para ficar em quarentena.

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Lusa
17/03/2020 15:01 ‧ 17/03/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

Desde segunda-feira, quem chega à capital chinesa oriundo do exterior tem que cumprir um período de 14 dias de quarentena, em locais designados pelas autoridades, e que cobram até 100 euros por noite, como medida de prevenção contra o surto do Covid-19.

Natural de Inglaterra e a residir atualmente na ilha de Bali, na Indonésia, Ribett foi aconselhado pelo seu banco chinês a viajar até Pequim, onde viveu nos últimos dez anos, para apresentar queixa à polícia, depois de o seu cartão de débito, que está associado a uma conta na China, ter sido clonado e as suas poupanças levantadas.

"Quando cheguei à esquadra da polícia para apresentar queixa, dois agentes vestidos em traje de proteção química agarraram imediatamente em mim e levaram-me para o centro de quarentena", contou à agência Lusa.

No total, Steve Ribbet teve que pagar o equivalente a 1.500 euros, uma quantia que "não podia despender", depois de ter sido vítima de fraude.

"Colocaram fita sinalizadora da polícia na minha porta como se se tratasse de uma cena de crime e estou agora proibido de sair do quarto", contou.

A cena ilustra as medidas drásticas adotadas por Pequim para controlar a epidemia, que infetou mais de 80.000 pessoas e fez 3.226 mortos no país.

As autoridades chinesas conseguiram suster o surto, que teve origem no centro da China em dezembro passado, depois de terem restringido a movimentação de centenas de milhões de pessoas, em alguns casos ao trancar doentes em casa ou arrastando-os para centros de quarentena contra a sua vontade.

O país protege-se agora contra casos importados, depois de a doença ter alastrado mundialmente, implicando medidas por vezes discriminatórias contra estrangeiros no país.

Num outro caso, um empresário europeu que está em Pequim desde o início de fevereiro passado, contou à Lusa que foi impedido pelo porteiro de aceder ao prédio onde tem alugado um armazém. Após chamar a polícia, os agentes recomendaram-lhe que peça a um "amigo chinês" que aceda às instalações por ele.

A capital chinesa já impunha aos passageiros chegados de alguns países gravemente afetados que ficassem 14 dias nas suas respetivas casas ou em hotéis à sua escolha, mas a medida foi, entretanto, alargada a todos os países, e o período de quarentena passou a cumprir-se em centros designados pelas autoridades.

Steven aterrou em Pequim oriundo de Bali antes da medida entrar em vigor, pelo que pôde sair livremente do aeroporto, após provar que não esteve recentemente na Coreia do Sul, Itália, Irão ou Japão, mas, até se deslocar à esquadra da polícia, as novas diretivas foram, entretanto, implementadas.

"Não faz sentido entrar em disputa com a polícia. O mais certo é ser acusado de quebrar com a lei de quarentena e enfrentar penalizações bem mais duras", resumiu.

A alemã Adele foi igualmente apanhada desprevenida depois de ter embarcado no domingo desde Munique. Separada do marido e colocada num quarto sem aquecimento, por um valor equivalente a 80 euros por noite, diz que "nunca teria embarcado se soubesse o que iria acontecer à chegada".

E deixa uma recomendação a quem planeia regressar a Pequim: "Onde quer que estejam, fiquem por aí".

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