Médico italiano alerta que jovens também podem ficar gravemente doentes

Um médico de Itália, o país que regista o maior número de mortes devido à pandemia de covid-19, avisou hoje que o novo coronavírus também pode deixar pessoas mais jovens gravemente doentes, segundo declarações citadas por media internacionais.

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Lusa
20/03/2020 20:33 ‧ 20/03/2020 por Lusa

Mundo

Coronavírus

 

Citado pelos canais britânicos Sky News e BBC, Antonio Pesenti, médico e chefe da unidade de cuidados intensivos da Lombardia (no norte de Itália e a região deste país mais afetada pela pandemia), relatou que muitos pacientes com menos de 65 anos estão a ser admitidos no hospital com quadros clínicos graves.

"50% dos nossos pacientes na unidade de cuidados intensivos, que são os doentes mais graves, têm mais de 65 anos", referiu o médico, em declarações citadas pelos canais britânicos.

"Mas isso significa que os outros 50% dos nossos pacientes têm menos de 65 anos", indicou o médico especialista em cuidados intensivos da Universidade de Milão, acrescentando: "Temos doentes com 20 ou 30 anos, alguns, e esses estão em condições graves como os mais velhos".

O médico especialista frisou, porém, e tendo em conta a sua experiência, que a única diferença entre os dois grupos etários era que "as pessoas mais jovens são geralmente mais saudáveis e, por isso, sobrevivem mais".

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alertou hoje que os jovens "não são invencíveis" no que toca à pandemia de covid-19, salientando que a doença os pode matar ou confinar ao hospital durante semanas.

Em conferência de imprensa na sede da organização, em Genebra, Suíça, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, afirmou que apesar de a mortalidade ser maior entre a população mais idosa, as escolhas que os jovens fazem sobre os locais em que se deslocam "podem significar a diferença entre vida e morte para outras pessoas".

A organização salientou ainda que "os mais novos não são poupados" à doença e que as pessoas com menos de 50 anos são "uma percentagem significativa dos infetados".

A Itália ultrapassou hoje os 4.000 mortos devido à pandemia de coronavírus, com a morte, nas últimas 24 horas, de mais 627 pessoas, segundo os dados divulgados pela Proteção Civil italiana.

A região de Milão, a Lombardia, continua a ser a que regista mais mortes, com 381 de quinta-feira para hoje, totalizando 2.549 casos mortais.

O diretor da Proteção Civil italiana, Angelo Borrelli, anunciou hoje que o número total de infeções ascende a 47.021, mais 5.986 que na quinta-feira, um novo recorde. Ao todo, 4.032 pessoas infetadas morreram.

Segundo as autoridades, a maioria dos mortos eram pessoas com problemas de saúde anteriores à infeção, como doenças cardíacas ou diabetes.

Itália, com 60 milhões de habitantes, regista um terço do total de mortes no mundo provocadas pelo novo coronavírus.

Só nos últimos três dias morreram mais de 1.500 pessoas no país.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia de covid-19, infetou, até à data, mais de 265 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 11.100 morreram.

Das pessoas infetadas, mais de 90.500 recuperaram da doença.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto afeta já 182 países e territórios, segundo a OMS.

O continente europeu é aquele onde estão a surgir atualmente mais casos.

Em Portugal, segundo os últimos dados oficiais, há 1.020 casos de infeção, seis deles mortais.

 

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