A votação esteve agendada para dia 01 de março, mas foi adiada poucos dias antes após a retirada de observadores eleitorais internacionais pela União Africana e pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental devido à insegurança.
A eleição dos 114 deputados do parlamento também tem meses de atraso, após ter sido adiada por quatro vezes.
A União Europeia advertiu esta sexta-feira que não estão reunidas as condições para uma "votação transparente e pacífica" nas eleições legislativas e referendo constitucional de domingo na Guiné-Conacri, sublinhando a "extrema polarização" do país.
Ensino obrigatório até aos 16 anos, fixação da idade legal para contração de matrimónio nos 18 anos, proibição da mutilação genital, proibição do trabalho escravo e infantil, garantia de direitos iguais às mulheres em caso de divórcio, atribuição às mulheres de, pelo menos, um terço dos lugares parlamentares, abolição da pena de morte e limitação de mandatos presidenciais a um máximo de dois períodos de sete anos (contra os atuais cinco anos) são algumas das alterações ao texto fundamental do país.
No entanto, oposição e críticos do Presidente guineense, Alpha Condé, temem que a nova versão da Constituição possa oferecer ao chefe de Estado, 82 anos, a possibilidade de recomeçar a contagem do número de mandatos presidenciais, algo que é atualmente proibido por lei.
A votação ocorre em pleno surto do novo coronavírus, responsável pela doença covid-19, que já tem pelo menos dois casos registados, segundo a Agência Nacional para a Segurança Sanitária.
Grupos da sociedade civil têm apelado às autoridades para adiar a votação até a pandemia passar, mas o partido no poder defendeu que a eleição não irá fazer o vírus espalhar-se, enquanto um responsável da agência nacional sanitária apelou às pessoas que se mantenham afastadas durante a votação.
A Guiné-Conacri enfrenta uma crise política desde outubro, com manifestações e protestos violentos contra a intenção anunciada do Presidente de disputar um terceiro mandato como chefe de Estado em 2020.
Mais de 30 civis e um polícia morreram desde o início dos protestos.