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Macau. Casinos têm de responder ao desafio da responsabilidade social

O chefe do Governo de Macau avisou hoje as operadoras que exploram o jogo de que é momento para responderem ao desafio da responsabilidade social, quando as autoridades procuram hotéis para converter em centros de quarentena.

Macau. Casinos têm de responder ao desafio da responsabilidade social
Notícias ao Minuto

07:17 - 24/03/20 por Lusa

Mundo Coronavírus

"Este é também um desafio vosso", sublinhou Ho Iat Seng, que lançou um "apelo às concessionárias para terem ponderação", num momento em que as autoridades estão sob "grande pressão" para encontrarem hotéis face ao regresso de milhares ao território, obrigados a cumprir uma quarentena de 14 dias.

Com milhares de pessoas sob quarentena e quase 1.500 isoladas em hotéis, o chefe do Governo de Macau explicou que os serviços "estão desiludidos" com a dificuldade de encontrar estabelecimentos e frisou que as operadoras e os 'resorts' "têm de ver como devem assumir a responsabilidade social".

"Isso tem de ficar claro, [a responsabilidade social] não é só fazer publicidade", afirmou, lembrando que "o Governo paga pelos hotéis", um custo total que ainda está contabilizado, mas cuja "fatura" será dada a conhecer no final da epidemia, prometeu.

Capital mundial do jogo, Macau é o único local na China onde o jogo em casino é legal. Operam no território seis concessionárias: Sociedade de Jogos de Macau, fundada pelo magnata Stanley Ho, Galaxy, Venetian (Sands China), Melco Resorts, Wynn e MGM.

Os casinos fecharam 2019 com receitas de 292,46 milhões de patacas (cerca de 32,43 milhões de euros), menos 3,4% do que no ano anterior.

Os números oficiais atuais apontam para uma quebra de 95% no número de visitantes em fevereiro e de receitas dos casinos em cerca de 90%. O Governo de Macau prevê uma perda para metade das receitas no jogo este ano.

Ho Iat Seng salientou que o mundo está a viver uma "calamidade inédita", mas que Macau tem conseguido conter o surto da covid-19 e que vai conseguir ultrapassar a crise.

Contudo, o chefe do Executivo admitiu que o impacto económico e o aumento do desemprego "vai ser inevitável", apesar das medidas já tomadas e anunciadas pelas autoridades de apoio à população e às pequenas e médias empresas (PME).

Em fevereiro, o Governo de Macau anunciou benefícios fiscais para empresas e população, uma linha de empréstimos bonificados para as PME e medidas de apoio social para reduzir o impacto económico devido ao coronavírus.

As medidas excecionais passam pela isenção ou redução dos impostos, pela abertura de uma linha de empréstimo com juros bonificados, pelo reforço do apoio social, bem como pelo lançamento de vales de consumo eletrónico.

O Governo decidiu isentar os residentes do pagamento da contribuição predial urbana das unidades habitacionais referente ao ano de 2019.

A população de Macau vai também ficar isenta do pagamento das tarifas de energia elétrica e de água entre março e maio.

O Governo de Macau já tinha anunciado a antecipação para abril da comparticipação pecuniária no valor de dez mil patacas (1.100 euros) e de seis mil patacas (690 euros) para residentes permanentes e não permanentes, respetivamente.

A nível social, para os mais carenciados, soma-se uma nova atribuição dos vales de saúde no valor de 600 patacas (68 euros) e atribuição dos dois subsídios extra aos agregados que já beneficiavam de apoio económico.

O Governo vai também entregar vales de consumo eletrónicos para cada residente de Macau no valor de três mil patacas (350 euros).

Quanto às empresas, além de isenções e reduções fiscais, vão poder beneficiar de um pacote de linhas de crédito bonificados ou mesmo sem juros, com prazos dilatados para o respetivo pagamento.

As PME que fiquem de fora desses planos especiais podem solicitar um apoio de 600 mil patacas (68 mil euros), isento de juros, ficando obrigado a pagar a dívida nos oito anos seguintes.

As autoridades de Macau anunciaram na segunda-feira mais um caso de contágio da covid-19, elevando o número de infetados para 25 desde o início do surto do novo coronavírus.

Este foi o 15.º caso detetado pelas autoridades em pouco mais de uma semana, depois de Macau ter estado 40 dias sem identificar qualquer infeção.

Apesar da nova vaga de casos, Ho Iat Seng disse que a situação estava controlada, lembrando que os novos casos são todos importados e que Macau tem conseguido evitar a contaminação local.

Macau registou uma primeira vaga de dez casos em fevereiro, que já tiveram alta hospitalar. Após a deteção de novos casos, todos importados, as autoridades reforçaram medidas de controlo e restrições fronteiriças.

O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 345 mil pessoas em todo o mundo, das quais mais de 15.100 morreram.

Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.

Vários países adotaram medidas excecionais, incluindo o regime de quarentena e o encerramento de fronteiras.

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