O Governo indonésio foi vivamente criticado por não ter imposto um confinamento estrito nas grandes cidades, incluindo a capital Jacarta, uma megalópole de 30 milhões de habitantes e onde foram detetados a maioria dos casos.
"Para ultrapassar o impacto da covid-19, optámos por um distanciamento social em larga escala", revelou em conferência de imprensa o Presidente do país do sudeste asiático.
"Devemos extrair as lições das experiências de outros países, mas não podemos copiá-los porque cada país tem as suas próprias características", acrescentou.
Os últimos dados oficiais referem-se a 1.528 infetados e 136 mortes. Mas estes números são considerados como provavelmente subestimados num arquipélago com mais de 260 milhões de habitantes que apenas efetuou alguns milhares de testes.
Na semana passada, o sindicato dos médicos indonésios advertiu que o alcance da pandemia é mais vasto face aos números oficiais e que a estratégia do Governo "está a fracassar".
O governador de Jacarta, Anies Baswedan, afirmou que perto de 300 corpos de presumíveis, ou confirmadas, vítimas do novo coronavírus foram envolvidas em plásticos e enterradas rapidamente na cidade desde o início de março, sugerindo um balanço mais pesado que o anunciado oficialmente.
Baswedan pediu ainda um confinamento total da capital, até ao momento sem sucesso.
O Presidente não forneceu detalhes precisos sobre a instauração do estado de emergência, mas anunciou uma verba de 1,5 mil milhões de dólares suplementares (1,3 mil milhões de euros) de ajudas sociais e subsídios para os indonésios com rendimentos mais baixos.
Os analistas consideram que o Presidente indonésio está renitente na imposição de um confinamento que não seria acatado por dezenas de milhões de indonésios dependentes diariamente de um trabalho informal na maior economia do sudeste da Ásia.
Em paralelo, o Ministério da Lei e Direitos Humanos decretou a libertação antecipada de cerca de 30.000 prisioneiros no âmbito das medidas para conter a propagação do novo coronavírus nas superlotadas prisões do arquipélago.
A população abrangida representa cerca de 10% dos 272.000 detidos do país.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 791 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 38 mil.
Dos casos de infeção, pelo menos 163 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
O continente europeu, com quase 439 mil infetados e mais de 27.500 mortos, é aquele onde se regista atualmente o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, com 11.591 mortos em 101.739 casos confirmados até segunda-feira.
A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 8.189, entre 94.417 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos são o que tem maior número de infetados (164.610).
A China, sem contar com os territórios de Hong Kong e Macau, conta com 81.518 casos (mais de 76 mil recuperados) e regista 3.305 mortes. A China anunciou hoje 48 novos casos, todos oriundos do exterior, e mais uma morte, numa altura em que o país suspendeu temporariamente a entrada no país de cidadãos estrangeiros, incluindo residentes.
Além de Itália, Espanha e China, os países mais afetados são os Estados Unidos, com 3.170 mortes (164.610 casos), a França, com 3.024 mortes (44.450 casos), e o Irão, com 2.898 mortes reportadas até hoje (41.495 casos).
O número de mortes em África subiu para 173 nas últimas horas, com os casos confirmados a ultrapassarem os 5.000 em 47 países, de acordo com as mais recentes estatísticas sobre a doença no continente.