"Esse congelamento já não se aplica desde 01 de abril, voltámos aos procedimentos normais", garantiu o ministro Notis Mitarachi, durante uma videoconferência com a comissão de Liberdades Civis do Parlamento Europeu centrada na questão dos campos de refugiados em território grego.
O ministro insistiu que a decisão tomada no início de março, muito contestada por diversos quadrantes, incluindo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, justificava-se face à "situação excecional" que se registava depois de a Turquia ter decidido "abrir as portas" aos refugiados que se encontravam no país para entrarem na Europa, e visava "proteger a segurança nacional, a ordem pública e a saúde pública".
Participante na mesma videoconferência, a comissária europeia dos Assuntos Internos, Ylva Johansson, saudou este anúncio, sublinhando a necessidade de "defesa dos valores e direitos fundamentais" que regem a União Europeia, sobretudo no atual contexto.
No quadro da crise migratória verificada em maio, oito países da União Europeia, entre os quais Portugal, ofereceram-se para acolher menores desacompanhados que se encontravam em campos de refugiados nas ilhas gregas.
A comissária Johansonn anunciou hoje que as primeiras crianças começarão a chegar aos Estados-membros de acolhimento, a começar pelo Luxemburgo, "ainda esta semana ou na próxima, o mais tardar".
Na mesma videoconferência com a comissão parlamentar de Liberdades Civis do Parlamento Europeu, a comissária europeia dos Assuntos Internos também alertara para o facto de já haver confirmados de infeção pelo novo coronavírus nos campos de refugiados na Grécia.
Embora considerando que a situação ainda está sob controlo, Johansonn defendeu ser urgente a transferência das pessoas mais vulneráveis para quartos de hotéis desocupados.
A comissária enfatizou que a propagação da pandemia e a sua eventual chegada a campos de refugiados "pode provocar uma crise humanitária massiva".
Um dos grandes problemas com que os campos de refugiados na Grécia se debatem é o da sobrelotação. O campo de Moria, o maior da Europa, foi concebido para acolher aproximadamente 3.000 pessoas, mas alberga atualmente aproximadamente 20.000, na sua maioria menores de idade.