O governador democrata, cujo Estado se tornou o epicentro da pandemia nos EUA, reagia assim a Trump que disse na segunda-feira que "quando alguém é Presidente dos Estados Unidos tem autoridade total".
"Não temos um rei. Temos um Presidente. (...) Fugimos de ter um rei e George Washington era Presidente, não era o rei Washington. Logo, o Presidente não tem autoridade total", explicou Cuomo, numa entrevista a um programa televisivo matinal, dizendo que a questão de reabertura da economia norte-americana é uma "decisão muito importante".
Questionado sobre o que faria se o Presidente ordenasse que ele reabrisse já a economia de Nova Iorque, Cuomo respondeu: "Se isso colocasse em risco a saúde pública das pessoas do meu estado, eu não o faria. E teríamos um desafio constitucional entre o Estado e o Governo federal, que iria para os tribunais. E isso seria a pior coisa que ele poderia fazer nesta altura".
Os constitucionalistas norte-americanos dividem-se entre os que consideram que, nesta matéria, uma ordem do Presidente ultrapassa a vontade dos governadores, enquanto outros consideram que os governos estaduais têm autonomia de decisão.
Quando mais de 10.000 pessoas morreram já com a covid-19 no Estado de Nova Iorque, Cuomo tem criticado várias vezes as decisões políticas do Governo federal, queixando-se de falta de apoio e denunciando a falta de estratégia do Presidente no combate contra a pandemia.
Em ambos os lados das costas marítimas dos Estados Unidos, os governadores têm-se organizado em blocos, para prepararem ações concertadas para o momento em que for decidido a reabertura da economia das suas regiões.
Trump disse no domingo que a decisão de reabertura da economia norte-americana será a "decisão mais importante" da sua vida, mas reconheceu, um dia mais tarde, que essa decisão nunca será tomada sem consulta aos governadores de cada Estado.
Os Estados Unidos são o país que regista o maior número de mortes, contabilizando 23.649 até hoje, e aquele que tem mais infetados, com 582 mil casos confirmados.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já provocou mais de 120 mil mortos e infetou mais de 1,9 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Dos casos de infeção, cerca de 402 mil são considerados curados.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.