Jordânia rejeita dar passagem a ajuda médica para campo de refugiados
A Jordânia rejeitou hoje dar passagem a equipas internacionais de ajuda médica que pretendam se deslocar ao campo de refugiados de Rukban, situado junto à fronteira com a Síria, alegando a proteção dos jordanos face à atual pandemia.
© Reuters
Mundo Covid-19
A decisão de Amã foi comunicada pelo ministro dos Negócios Estrangeiros jordano, Ayman Safadi, ao enviado especial da ONU para a Síria, Geir Pedersen, durante uma conversa telefónica.
Durante a conversa, e segundo um comunicado divulgado pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros jordano, o ministro afirmou que as autoridades de Amã não permitirão o envio de ajuda através das suas fronteiras, bem como referiu que nenhum dos quase 45 mil refugiados que atualmente vivem no campo de Rukban, que fica localizado numa zona de deserto isolada na fronteira entre a Jordânia e a Síria, poderá entrar em território jordano.
Na mesma nota informativa, Ayman Safadi frisou que "a principal prioridade da Jordânia neste momento é proteger os seus cidadãos do novo coronavírus".
O campo de Rukban está situado numa zona de deserto controlada pelos Estados Unidos e a atual situação dos refugiados é "crítica", segundo a ONU.
As Nações Unidas têm afirmado frequentemente que as condições de vida em Rukban são desumanas e que, nos últimos meses, as condições têm vindo a deteriorar-se ainda mais.
Nos últimos anos, o campo de refugiados de Rukban tem recebido pouca ajuda humanitária, por causa da falta de entendimento entre o governo sírio e os Estados Unidos.
Mesmo escassa e insuficiente, algumas agências da ONU têm conseguido enviar alguma ajuda aos refugiados de Rukban através da Jordânia, considerada a rota mais segura.
Mas o governo jordano reiterou agora que Rukban é uma responsabilidade da Síria.
"O campo de Rukban é uma responsabilidade da Síria e da ONU, porque inclui cidadãos sírios e, portanto, qualquer assistência médica ou humanitária necessária no campo deve vir da Síria", afirmou Ayman Safadi durante a mesma conversa telefónica com o enviado especial.
O chefe da diplomacia jordana lembrou ainda que Amã "apoia os esforços da ONU para encontrar uma solução política" para a gestão daquele campo de refugiados "durante as atuais circunstâncias sem precedentes que exigem que todos os esforços se concentrem no combate à pandemia e aos respetivos efeitos colaterais".
A conversa entre Ayman Safadi e Geir Pedersen, um diplomata norueguês designado para o cargo de enviado especial em 2018, acontece numa altura em que a ONU tem alertado para as potenciais e dramáticas consequências de um possível surto da covid-19 nos campos de refugiados na região do Médio Oriente, lugares com capacidades médicas e condições sanitárias muito precárias.
A Jordânia contabiliza até à data 417 casos de infeção pelo novo coronavírus e sete vítimas mortais, segundos os últimos dados do Ministério da Saúde jordano.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 165 mil mortos e infetou quase 2,5 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Mais de 537 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
O surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
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