O 'Air Force One', o avião que transporta oficialmente o Presidente, está parado, as reuniões de angariação de fundos foram canceladas e deixou de haver comícios de campanha, com as eleições presidenciais marcadas para dia 03 de novembro.
Com o país centrado na resposta da Casa Branca à pandemia de covid-19, a equipa de campanha de reeleição de Trump está a rever todo o seu plano de estratégia política, de acordo com fontes do Partido Republicano.
O novo plano republicano procura dar uma imagem do adversário democrata, Joe Biden, como alguém que tem fortes ligações à China, fazendo uma conexão com algumas das suas atividades políticas quando era vice-Presidente de Barack Obama.
A ideia dos estrategos de Trump é arrastar Biden para o terreno que tem agora enorme atenção negativa pública e mediática, quando se questiona a responsabilidade do Governo chinês na propagação inicial da pandemia.
Do lado democrata, os esforços de campanha vão no sentido de responsabilizar Donald Trump pelas falhas no programa governamental de combate ao novo coronavírus.
"Estas eleições vão ser um referendo à forma como o Presidente lida com a pandemia", reconhece Stephen Bannon, ex-estratego político de Donald Trump.
No plano inicial de campanha do Partido Republicano, os primeiros meses deste ano deveriam ter sido passado a aumentar a visibilidade do Presidente nas redes sociais digitais, o que ele faz com naturalidade, em particular no Twitter.
A ideia era criar um plano de preenchimento do espaço público com fortes ataques aos adversários, à semelhança do que tinha sido feito por Barack Obama, na campanha eleitoral de 2012, quando o democrata retratou o seu adversário republicano, Mitt Romney, como um político agressivo, sem coração.
Mas os analistas dizem que tentar colar Joe Biden à questão chinesa é um plano arriscado, já que o próprio Trump tem sido por várias vezes questionado sobre a sua estratégia de reforço com os acordos comerciais com a China.
"O povo americano percebe que estamos numa guerra económica e de informações com a China", disse Bannon, que agora modera um programa radiofónico numa estação favorável aos republicanos.
"Por outro lado, Biden tem um problema com a China. Os nossos dados mostram que a forma como o ex-vice-Presidente lidou com a China é uma enorme vulnerabilidade", explica o antigo assessor de Trump.
Mas vários consultores do Presidente, incluindo a ex-assessora de imprensa da Casa Branca Kelly Conway, argumentam contra o uso da China como arma de arremesso político, dizendo que preferiam que Trump se afirmasse pelas suas ideias.
"Usar alcunhas contra os adversários e atacar constantemente os opositores pode não ser a melhor estratégia, em tempos de crise sanitária", disse Tj Ducklo, porta-voz da campanha de Biden.
Sam Nunberg, ex-consultor de campanha de Trump, considera que o Presidente está em posição de força, com as atenções viradas para a Casa Branca, por causa da pandemia, e que ele deve tirar proveito dessa visibilidade.
Os estrategos de Trump estão, contudo, mais preocupados com as táticas a usar em estados considerados sensíveis, por terem eleitorado volúvel, como Florida, Wisconsin e Michigan.
Mas os índices de popularidade de Trump têm-se mantido estáveis, apesar das críticas ao desempenho da Casa Branca na pandemia, e a crise sanitária pode jogar a seu favor.
"Trump está a fazer o que sempre fez: desviar a atenção, distrair", diz Karine Jean-Pierre, ex-diretor de campanha de Barack Obama, considerando que a pandemia pode ser um fator decisivo na reeleição do atual Presidente.