Teerão acusa Washington de agravar a crise sanitária no Irão pelas sanções económicas que impôs desde 2018, após a retirada unilateral dos EUA do acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano.
"As sanções cruéis e unilaterais dos EUA contra o Irão constituem uma clara violação da resolução 2231 do Conselho de Segurança e, portanto, os Estados Unidos devem ser responsabilizados pela comunidade internacional", disse o vice-ministro dos Negócios estrangeiros iraniano, Abbas Arghchi, em comunicado.
O Ministério da Saúde do Irão anunciou hoje que o número de mortes com covid-19 no país é já de 5.418, tendo sido registados mais de 85 mil casos de contaminação.
"Além de combater o vírus, o Irão enfrenta sanções americanas ilegais e desumanas, que duplicam a pressão sobre o povo iraniano", acrescentou Arghchi, referindo-se às medidas de retaliação, numa altura em que aumenta o clima de tensão com os Estados Unidos.
Esta semana, os Estados Unidos acusaram o Irão de ter lançado um satélite militar, à revelia das resoluções das Nações Unidas, e de ter ameaçado a presença de navios da Marinha norte-americana no Golfo.
"O novo coronavírus espalhou-se não apenas no Irão, mas em quase todos os países, e é necessária uma ação coletiva para lidar com este facto", responde agora o Irão, remetendo o conflito também para a questão da pandemia.
Os bens humanitários (como equipamento médico) não são abrangidos pelas sanções, mas a economia iraniana está muito limitada pelos constrangimentos nas transações entre bancos internacionais e empresas do Irão.
A nível global, segundo um balanço da AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 183 mil mortos e infetou mais de 2,6 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Cerca de 700 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), encerraram o comércio não essencial e reduziram drasticamente o tráfego aéreo, paralisando setores inteiros da economia mundial.