Os separatistas do Conselho de Transição do Sul declararam hoje a autonomia para aquela região do país, quebrando o acordo de paz com o Governo apoiado pela Arábia Saudita e complicando a longa guerra civil com os rebeldes huthis, que controlam grande parte do norte do Iémen.
O Governo afirmou hoje que autoridades civis e de segurança das províncias de Hadramawt, Abyan, Shabwa, al-Mahra, e a remota ilha de Socotra rejeitaram essa declaração, considerando-a um "claro golpe".
Algumas das províncias lançaram os seus próprios comunicados a condenar a declaração de autonomia pelos separatistas do Conselho de Transição do Sul, que é apoiado pelos Emirados Árabes Unidos, referiu a agência de notícias norte-americana Associated Press.
O especialista no conflito do Iémen, Peter Salisbury, da organização não governamental International Crisis Group, afirmou que as tensões entre o Governo apoiado pela Arábia Saudita e os separatistas têm crescido nos últimos meses, com ambos os lados a trocarem acusações de não cumprimento do acordo de paz.
Na sexta-feira, a coligação militar liderada pela Arábia Saudita, que apoia o Governo face aos rebeldes huthis, no norte, decidiu prolongar por um mês uma trégua unilateral para permitir ao país devastado pela guerra conter a pandemia de covid-19.
A trégua unilateral, anunciada a 08 de abril e com uma duração de duas semanas, não impediu a continuação dos combates no terreno entre as forças lealistas e os rebeldes huthis, apoiados pelo Irão, que rejeitaram o cessar-fogo.
Desde a intervenção da coligação em 2015, vários meses depois do início da guerra no ano anterior, o conflito causou dezenas de milhares de mortos, essencialmente civis, segundo as organizações não-governamentais, e causou a pior crise humanitário do mundo, de acordo com a ONU.
Cerca de 80% da população depende de ajuda humanitária.
Mais de três milhões de pessoas estão deslocadas devido ao conflito, muitas das quais em campos particularmente expostos ao risco de propagação de doenças, como o paludismo e a cólera.