"Tenho tantas saudades dos meus netos. Queria saber se após serem satisfeitos os cinco critérios, vai ser possível abraçar a nossa família mais próxima, se será um dos primeiros passos depois do fim do confinamento?", perguntou Lynne, habitante de Skipton.
A mulher, cuja idade não foi revelada, referia-se aos critérios que precisam de ser preenchidos para o Governo aliviar as medidas de distanciamento social em vigor desde 23 de março, nomeadamente a necessidade de reduzir o número de mortes, de pacientes hospitalizados e de garantir que não existe o risco de um segundo pico de infeções.
Lida pelo ministro da Saúde, Matt Hancock (na imagem), a pergunta foi uma entre 15 mil submetidas por cidadãos comuns pela Internet a convite do Governo, que entregou a seleção a uma empresa de sondagens e prometeu que "os ministros não vão ver a pergunta antes da conferência de imprensa".
Iniciadas a 16 de março, as conferências de imprensa do Governo transmitidas pela televisão passaram a ser um evento diário, onde um membro do executivo e especialistas respondem a perguntas de jornalistas após um breve balanço da situação e aproveitadas, frequentemente, para a apresentação de novas medidas.
O diretor geral da Saúde de Inglaterra, Chris Witty, começou alertou para a necessidade de as pessoas vulneráveis continuarem a ser protegidas mesmo se forem aliviadas algumas medidas de distanciamento social.
"Depende da situação em que se encontra. Se tiver um problema de saúde significativo ou for mais idosa, num grupo vulnerável, talvez seja prudente não pôr-se em risco", explicou em resposta à pergunta.
O diretor clínico da direção de saúde de Inglaterra (NHS England), Stephen Powis, identificou-se com o dilema, referindo que a sua própria mãe também deixou de ter contacto com os netos, mas reiterou a necessidade de continuar a seguir as regras.
O ministro da Saúde manifestou sensibilidade para a questão levantada, referindo que, para além dos efeitos na saúde pública e na economia, o confinamento tem impacto "direto nos laços emocionais, pois é uma das coisas mais naturais do mundo, querer abraçar um membro da família".
Matt Hancock já tinha começado o diálogo direto com os cidadãos hoje, respondendo a perguntas sobre as medidas do Governo através da rede social Instagram.
"Mostra que as perguntas dos cidadãos podem ser igualmente informativas e difíceis de responder como as dos jornalistas", comentou o ministro, que hoje anunciou uma compensação financeira para as famílias dos profissionais de saúde mortos em funções durante a pandemia.
Estas iniciativas coincidem com a publicação, no domingo, de uma sondagem no jornal The Observer que indicava que o forte apoio popular à ação do Governo começa a diminuir, em particular sobre a dificuldade em aumentar a capacidade de testagem.
O apoio à forma como o governo tem agido diminuiu pela segunda semana consecutiva, de 57% para 51%, indicou a empresa Opinium.
De acordo com o balanço de hoje do Ministério da Saúde britânico, o Reino Unido registou até agora 21.092 óbitos durante a pandemia covid-19, o quinto país com maior número de mortos, atrás dos EUA, Itália, Espanha e França.