Uganda repreende deputados que aprovaram milhões para eles próprios

O Presidente do Uganda, Yoweri Museveni, repreendeu os deputados por terem atribuído um valor a eles própios de 2,4 milhões de euros para "aumentar a sensibilização contra o coronavírus".

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Lusa
29/04/2020 10:56 ‧ 29/04/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

 

"É moralmente condenável atribuir dinheiro para uso pessoal quando o país se encontra numa crise desta dimensão", disse o chefe de Estado num discurso transmitido terça-feira pela televisivo sobre a situação da covid-19 no país, onde existem 79 casos, dos quais 52 recuperaram, e nenhuma morte.

O Presidente do Uganda disse ter falado com a Presidente do parlamento, Rebecca Kadaga, a quem terá dito que os deputados "caíram na armadilha" e que o melhor que podem fazer neste momento é não gastar esse dinheiro.

A cada deputado foram atribuídos 20 milhões de xelins ugandeses (cerca de 5.200 dólares, 4.800 euros) de fundos públicos para a luta individual contra o coronavírus.

Mas o Presidente pediu aos legisladores que doassem este dinheiro à comissão distrital encarregada da luta contra a pandemia, uma vez que o Estado e os governos distritais são responsáveis pelas compras e aquisições necessárias para conter a doença e curar os doentes.

Além disso, advertiu que o auditor geral fará uma auditoria a todas as despesas para que "o que foi gasto de forma errada possa ser devolvido".

Rebecca Kadaga justificou na semana passada que este dinheiro se destinava à Comissão Parlamentar COVID-19 e também às ambulâncias que os deputados tinham destacado para combater a pandemia.

A medida foi fortemente criticada pelos ugandeses e pela oposição, numa altura em que o país se encontra sob um bloqueio total para impedir a propagação da epidemia.

"O que está a acontecer com os líderes ugandeses? Em todo o mundo os líderes estão a doar os seus salários para ajudar na luta contra a covid-19 e os líderes ugandeses veem uma oportunidade de aumentar os seus lucros", referiu Kizza Besingye, quatro vezes candidata presidencial, na sua conta da rede social Twitter.

O Uganda foi um dos últimos países em África a notificar casos e um dos primeiros a colocar restrições à entrada para conter a epidemia.

Atualmente, todo o transporte é proibido e o país está sob quarentena total, sendo apenas permitidas atividades essenciais.

O número de mortes provocadas pela covid-19 em África subiu para 1.521 nas últimas horas, com quase 35 mil casos da doença registados em 52 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 215 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.

Mais de 840 mil doentes foram considerados curados.

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