O primeiro-ministro do Japão admitiu, esta quarta-feira, que os Jogos Olímpicos de Tóquio poderão não acontecer no próximo verão caso a pandemia do novo coronavírus não esteja controlada.
"Dizemos que os Jogos Olímpicos e Paralímpicos devem ser realizados de forma completa, para que atletas e espetadores possam participar com segurança. Seria impossível manter os Jogos numa forma tão completa, a menos que a pandemia de coronavírus esteja contida", disse Shinzo Abe em resposta a um deputado da oposição.
Abe afirmou que as Olimpíadas "devem ser realizadas para demonstrar que mundo venceu a batalha contra a pandemia de coronavírus" e alertou que o Japão deve "preparar-se para uma batalha prolongada".
Estas declarações no parlamento japonês surgem depois de o próprio ter assegurado, no início de fevereiro, que os Jogos Olímpicos "não estão em risco", contrariando-se assim nas suas próprias palavras.
A incerteza de Shinzo Abe é também compartilhada pelo presidente da Associação Médica do Japão que na terça-feira referiu que se não houver vacina será “extremamente difícil” a realização da competição.
“Na minha opinião pessoal é que se não se desenvolver uma vacina efetiva será difícil realizar os Jogos Olímpicos. Não diria que não deveriam realizar-se, mas será extremamente difícil” afirmou Yokokura numa conferência de imprensa.
Em resposta a uma manifestação de médicos japoneses, que disseram não ver possibilidade de realizar a os Jogos Olímpicos sem que houvesse uma vacina contra a Covid-19 disponível, o australiano John Coates, chefe da coordenação dos Jogos de Tóquio, negou que isso seja obrigatório.
"O conselho que recebemos da OMS (Organização Mundial da Saúde) diz que devemos continuar a planear em cima da data que temos, e é o que estamos a fazer, e isso não depende de uma vacina. Uma vacina seria ótimo, mas vamos continuar a ser guiados, como deve ser, pela OMS e as autoridades de saúde do Japão", afirmou.
Também nesta quarta-feira, e em declarações à agência Reuters, Thomas Bach, o presidente do Comité Olímpico Internacional, alinhou pela mesma posição do primeiro-ministro japonês.
"O COI concorda plenamente com a posição do primeiro-ministro Abe. Desde o início desta crise, estabelecemos o princípio de que os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos só podem ser organizados num ambiente seguro para todos os envolvidos. Esse princípio orientou todas as nossas decisões até agora e continuamos comprometidos com ele no futuro", afirmou.