Um estudo apresentado pelo Imperial College de Londres demonstra que o Brasil é o país do mundo com maior taxa de contágio da Covid-19 (doença provocada pelo novo coronavírus) entre 48 países analisados.
As conclusões deste estudo em relação ao Brasil dão conta de que, em média, cada pessoa infetada contagia cerca de três outras. O indicador R0 estava no início desta semana em 2,81. Quanto mais alto for este índice, maior é a velocidade de transmissão, e maior o risco de uma possível sobrecarga no sistema de saúde.
Em vários países do mundo, os governos têm considerado que as restrições de mobilidade só podem ser abrandadas sem risco para o sistema de saúde se o número de reprodução estiver abaixo de 1.
Os 48 países que fazem parte deste estudo do Imperial College foram selecionados tendo em conta o facto de contabilizarem pelo menos cem mortes pelo novo coronavírus desde o começo da pandemia e no mínimo dez mortes em cada uma das duas semanas anteriores.
Na Alemanha, considerada uma das nações mais bem-sucedidas no controlo da doença, o número de reprodução calculado pelo MRC é 0,8 (com uma variação de 0,65 a 1,14).
O Brasil é um dos nove países em que a infeção pelo novo coronavírus está em trajetória ascendente. O mesmo ocorre em Canadá, Índia, Irlanda, México, Paquistão, Peru, Polónia e Rússia.
Por outro lado, e com base nos cálculos, a transmissão do novo coronavírus está a cair em Itália, França, Espanha e República Dominicana. Noutras 23 nações, incluindo Alemanha, Portugal, Bélgica, Colômbia e EUA, a tendência está estabilizada. O mesmo estudo indica que a tendência é incerta em 12 nações, incluindo a Argentina, Coreia do Sul, Dinamarca, Japão e Arábia Saudita.
O mesmo estudo do Imperial College faz a projeção de mortes para a semana seguinte, a qual se baseia no número divulgado de mortos, que é considerado mais confiável que o de casos confirmados (nos quais a política de testes pode ter muito impacto).
Nesse sentido, ao lado dos Estados Unidos, o Brasil é um dos dois únicos países com previsão de mais de 5.000 mortes para a próxima semana, e a tendência é de crescimento nos contágios.
Os 47 investigadores que assinam este trabalho salientam ainda que a precisão das estimativas varia de acordo com a qualidade do registo e divulgação dos dados de cada país. Para além disso, se as estimativas de transmissão são o reflexo da situação epidemiológica no momento da infeção dos casos de morte.