"Estou particularmente preocupado com a falta de solidariedade com os países em desenvolvimento na resposta à pandemia do novo coronavírus, que pode estender-se como um incêndio, e na resposta aos dramáticos impactos sociais e económicos", disse Guterres durante uma conferência de imprensa virtual.
O secretário-geral da ONU lamentou que os dirigentes do G-20 tenham recusado a sua proposta de estabelecer um mecanismo de coordenação das suas ações em resposta à doença e estejam a atuar cada um por seu lado, o que cria o risco de o vírus não desaparecer, mas, sim, que passe de um lado para outro.
"É infeliz que não tenha sido possível para a comunidade internacional encontrar um mecanismo de liderança sólida em relação à luta contra a pandemia", assinalou.
Questionado sobre essa alegada falta de liderança internacional, Guterres considerou "evidente" que há uma carência e que a comunidade internacional "está dividida no momento em que seria importante mais do que nunca estar unida".
A China, onde se iniciou o vírus, e os EUA, a grande potência global e o país mais afetado, mantêm um duro confronto a propósito do novo coronavírus, que impediu grandes iniciativas mundiais e que se tornou claro no Conselho de Segurança da ONU, onde as suas diferenças têm impedido até agora a aprovação de uma resolução sobre a pandemia.
A este propósito, Guterres recordou que a relação entre as grandes potências é, nos dias de hoje, "muito disfuncional", o que complica a tomada de decisões no Conselho.
O dirigente da ONU defendeu a necessidade de que todos os Estados, mas sobretudo os mais poderosos, sejam capazes de alcançar consensos para atuar de forma efetiva, tanto no âmbito sanitário, como quanto aos desafios da paz e segurança que a pandemia coloca, para que exista uma recuperação adequada.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 230 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Cerca de 908 mil doentes foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.