Guaidó diz que é inevitável uma saída de Nicolás Maduro do poder
A oposição venezuelana disse que "é inevitável" uma saída de Nicolás Maduro da Presidência da Venezuela e que o seu Governo "sabe disso".
© Reuters
Mundo Venezuela
"Vão sair do poder. Vão ter de ir embora e sabem disso. O que falta definir é de que maneira e quando [saem], mas hoje a saída é inevitável", disse o presidente do parlamento e líder da oposição, Juan Guaidó.
Num vídeo divulgado pela Internet na sexta-feira, - que pode ver na galeria acima - Guaidó respondeu ao pedido de "cessar fogo" feito à oposição, a 28 de abril último, pelo Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, para chegar a um acordo humanitário de resposta à crise na saúde, no combate à pandemia da Covid-19.
"Quem aponta e dispara os canhões não somos nós", afirma Guaidó, que acusa Maduro de uma "linguagem belicista".
Guaidó, que em fevereiro de 2019 jurou assumir as funções de presidente interino do país até afastar Nicolás Maduro do poder, convocar um governo de transição e eleições livres no país, insiste que "a ditadura tem que parar a perseguição política, de torturar" e deve libertar "os presos políticos, civis e militares, que usa como 'peças de negociação' quando lhe convém"
"Que deixe de ordenar aos seus esbirros paramilitares e aparelhos repressivos que assassinem os venezuelanos por estarem nas ruas, por se manifestarem, por reclamarem e lutarem contra fome", afirmou Guaidó.
O líder da oposição reclamou também que o regime deixe de perseguir os médicos e enfermeiros, que "denunciam a verdade dos hospitais", que deixe de "sabotar as ações" da oposição de ajuda aos venezuelanos, e que permita "a entrada de ajuda humanitária que poderia calmar a fome e a ansiedade da nossa gente".
"Que deixe em paz os que, apesar de tudo, continuam tentando produzir na Venezuela, perante a torpeza em matéria económica que tem ocasionado fome, desemprego, inflação", explicou.
Para Juan Guaidó, é necessário "um acordo político" para salvar o país. "Isso seria um cessar fogo", mas "há que assumir as coisas com seriedade e visão de Estado", porque a "crise é demasiado grande e há muita gente a sofrer", sublinhou.
"Não vão [no Governo] continuar 'a comprar' mais tempo. E a pressão nacional e internacional contra a ditadura não vai baixar (..). A indolência, a inação, a incompetência e os vínculos com o narcotráfico consumiram o tempo, o oxigénio e todas as opções que em algum momento estiveram sobre a mesa", afirma.
Guaidó disse estar na disposição de "fazer tudo o que fizer falta" para evitar uma catástrofe de proporções imprevisíveis" no país e que "a política requer um exercício dos tempos e as ações adequadas".
"Decidiste [Nicolás Maduro] esgotar as tuas opções, e terás de assumir as consequências que isso implica", afirmou o líder oposicionista.
Segundo Juan Guaidó, a Venezuela "está morrendo" e é preciso um acordo político para aceder a ajuda e financiamento internacional, mas "há uma condição muito clara" de que Nicolás Maduro deixe o poder, porque não vão emprestar recursos "a um homem acusado de terrorismo e narcotráfico internacional, que desde há anos o povo não o reconhece".
Por outro lado, diz não estar a sugerir que lhe entreguem o poder, que tem plena consciência das suas responsabilidades e que os cargos são e devem ser temporais.
"Enquanto organizamos o caminho para a liberdade e as condições para uma eleição presidencial justa e livre, necessitamos de um governo de emergência nacional e de um Conselho de Estado em que estejam representados os diferentes setores da vida nacional, do qual Nicolás Maduro não pode fazer parte", concluiu Guaidó.
No passado dia 28 de abril, o Presidente Nicolás Maduro apelou à oposição para um cessar fogo com vista a um acordo humanitário de resposta à crise provocada pela pandemia de Covid-19.
"Ratifico o meu apelo para um acordo humanitário, para dar passos em direção à luta da Venezuela contra o coronavírus, nesta etapa e nas que vierem", disse Maduro durante uma reunião da Comissão Presidencial da Covid-19.
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