O diretor do Global Public Policy Institute (GPPi) sustenta que a chanceler vive agora o momento "mais alto de popularidade e reconhecimento" e por isso deve aproveitá-lo para afirmar uma "responsabilidade financeira partilhada com a Europa" e sustentar uma postura solidária para com os países mais afetados pelo novo coronavírus.
"Merkel é bastante livre politicamente, não tem de enfrentar os eleitores novamente no próximo ano, não tem de pensar nas consequências políticas para ela em 2021. Está na posição de se poder afirmar, dando uma resposta consistente", assumiu o politólogo em declarações à agência Lusa.
A chanceler já disse estar disponível a encontrar "respostas solidárias rápidas" à crise provocada pelo novo coronavírus, que vão além do pacote de 500 mil milhões de euros já aprovados, mas não através de soluções de emissão de dívida conjunta.
"Seria um falhanço histórico Merkel não usar o capital político que tem neste momento, não apenas no sentido da responsabilidade financeira partilhada, mas também num investimento acertado em matéria ambiental ou inovação digital", sustentou o politólogo.
A Alemanha, juntamente com Portugal e Eslovénia, assume a Presidência da União Europeia em julho deste ano. Merkel já admitiu que esse período de seis meses terá de ser totalmente repensado para enfrentar a pandemia de covid-19.
"Merkel pode aparecer nos livros de história como uma grande líder europeia, mas se não tentar assumir uma posição forte, será um falhanço total no plano europeu", reconheceu.
Para Thorsten Benner, apesar de a chanceler atravessar agora um período de elevada popularidade, o melhor é não se recandidatar a um novo mandato.
"Há quem peça mais quatro anos, mas se ela tentar não vai ser nada fácil. Além de já ter anunciado a saída, a Alemanha precisa de virar a página. Os alemães estão contentes por tê-la à frente desta crise, mas precisamos de novas caras (...) Quando voltarmos ao normal, as pessoas vão cansar-se", sustentou.
Merkel tem sido elogiada dentro e fora de fronteiras pela forma como tem gerido a crise provocada pelo novo coronavírus. Apesar de já não ser líder, o seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), reúne nesta altura entre 38% a 39% das intenções de voto, de acordo com as últimas sondagens. Nas últimas eleições legislativas, em setembro de 2017, a CDU conquistou 32,9% dos votos.