Borrell - que falava perante o Conselho de Segurança da ONU, numa cerimónia para comemorar o conflito mundial - considerou a pandemia de covid-19 a mais grave crise desde 1945, tendo demonstrado que "os problemas globais exigem uma ação coletiva".
"A covid-19 é um teste para a nossa humanidade, mas também para o próprio sistema multilateral. A ordem internacional baseada em regras, com a ONU no centro, deve ser protegida e fortalecida", defendeu o alto representante da União Europeia para a Política Externa.
Para Borrell, a crise atual pode agravar conflitos e gerar "novas tensões geopolíticas" e é uma forma de lembrar de que "a paz, a democracia e a prosperidade devem alimentar, expandir e tornar-se mais inclusivas".
"Estamos a começar a entender como a saúde humana e a saúde planetária estão conectadas e como as desigualdades nos tornam mais vulneráveis. Esta crise é uma oportunidade de melhor reconstrução, assim como nossos predecessores reconstruíram um mundo melhor das cinzas da guerra", explicou o chefe da diplomacia europeia.
Num discurso em inglês, Borrell lembrou que, a partir do desastre da Segunda Guerra Mundial, nasceu a União Europeia, um projeto baseado em "solidariedade, abertura, liberdade, tolerância e respeito pelo Estado de Direito", valores defendidos pela ONU, que este ano também completa 75 anos, e que hoje "são mais necessárias do que nunca".
"A covid-19 deve ajudar-nos a nos reencontrar com essas raízes, dando-nos a oportunidade de reconstruir o consenso e fortalecer a solidariedade", insistiu Borrell.
Numa época em que o mundo está ameaçado por uma crise global, Borrell considerou que os Estados, acima de todos os membros do Conselho de Segurança, precisam de reafirmar os valores fundamentais da ONU e promovê-los dentro e fora das suas fronteiras.
Para o alto representante da União Europeia, além da resposta imediata à saúde, a comunidade internacional deve pensar nas pessoas, reduzir as desigualdades e proteger os direitos humanos.
Borrell foi escolhido para iniciar um amplo debate que o Conselho de Segurança está a realizar hoje por videoconferência, para marcar o 75.º aniversário do fim da Segunda Guerra Mundial na Europa, da qual participam quase cinquenta responsáveis governamentais.