Mais de 9 milhões de sírios sofrem de insegurança alimentar

Cerca de 9,3 milhões de pessoas estão em insegurança alimentar na Síria, um país devastado pela guerra, indicou hoje o Programa Alimentar Mundial (PAM), considerando que o número recorde deve-se à pandemia e à grave crise económica.

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Lusa
14/05/2020 16:26 ‧ 14/05/2020 por Lusa

Mundo

Covid-19

"Nove anos de guerra, alimentos vendidos a preços recorde e agora a covid-19 empurraram as famílias na Síria para além dos seus limites", afirmou a agência da ONU na sua conta na rede social Twitter.

"O PAM estima que 9,3 milhões de pessoas estão atualmente em situação de insegurança alimentar", afirmou um porta-voz daquela agência da ONU, recordando que, há seis meses, o número de pessoas que viviam em insegurança alimentar era 7,9 milhões.

No final de abril, a agência anunciou que os preços dos alimentos tinham duplicado no espaço de um ano na Síria, país devastado por nove anos de guerra onde cerca de 83% da população vive abaixo da linha da pobreza.

Nos últimos meses, a situação económica piorou, com uma queda histórica do valor da libra síria em relação ao dólar e devido às restrições adotadas desde meados de março para combater a pandemia de covid-19.

No início de maio, o Presidente Bashar al-Assad reconheceu a amplitude da crise no país, admitindo que os "cidadãos" estão a passar "fome" e que vivem em "pobreza ou doença".

Nos últimos dias, o Governo começou a rever as medidas adotadas para impedir a propagação do novo coronavírus, autorizando a reabertura de certas empresas e mercados e a retoma da atividade pelos transportes públicos.

Segundo a ONU, nas áreas sob controlo de Damasco, 48 casos de contaminação foram oficialmente identificados, incluindo três mortes. Nos territórios do nordeste, controlados pelos curdos, foram relatados seis casos, incluindo uma morte.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 297 mil mortos e infetou mais de 4,3 milhões de pessoas em 196 países e territórios.

Mais de 1,5 milhões de doentes foram considerados curados.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou agora a ser o que tem mais casos confirmados (1,88 milhões contra 1,81 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (113 mil contra 161 mil).

Para combater a pandemia, os governos mandaram para casa 4,5 mil milhões de pessoas (mais de metade da população do planeta), paralisando setores inteiros da economia mundial, num "grande confinamento" que vários países já começaram a aliviar face à diminuição dos novos contágios.

A guerra na Síria matou mais de 380.000 pessoas e levou milhões de sírios ao exílio desde 2011.

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