Venezuela: Protestos por falta de gasolina, água, gás e eletricidade

Os protestos pela falta de gasolina, água potável, gás e eletricidade na Venezuela, país com uma das maiores reservas de petróleo do mundo, continuaram hoje em quatro estados, incluindo na capital, Caracas.

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Lusa
14/05/2020 21:47 ‧ 14/05/2020 por Lusa

Mundo

Venezuela

 

Em Caracas, apesar da quarentena para evitar a propagação da covid-19, dezenas de pessoas bloquearam hoje, durante várias horas, os acessos a El Cafetal (leste) em protesto pelas falhas nos serviços públicos, depois de a capital ter ficado parcialmente às escuras devido a um apagão elétrico.

Através do Twitter, o portal Sumarium divulgou imagens do momento em que a população bloqueava a estrada principal de El Cafetal.

A menos de 10 quilómetros do local, portugueses residentes em Colinas de La Califórnia dão conta de que a população bloqueou a Rua de Santa Margarita, por estar há cinco meses com problemas no abastecimento de água e que, há uma semana, desapareceu por completo das canalizações.

Ainda em Caracas, em Las Mercedes, dezenas de pessoas protestaram junto da estação de serviço da localidade, porque apenas 25 das mais de 200 viaturas que faziam fila foram abastecidas parcialmente de combustível.

Segundo a imprensa local, os automobilistas queixam-se de que os militares que fazem segurança ao posto de combustível passaram viaturas que não estavam na fila.

Entretanto, nalgumas estações de combustível as pessoas queixaram-se de que têm de estar quatro dias em filas para, com sorte, conseguir 20 litros de gasolina.

"É a terceira vez que tento, sem sucesso, conseguir abastecer combustível em La Florida (Caracas). Estive mais de quatro dias na fila e tenho dezenas de carros pela frente. Se não conseguir gasolina vou ter de desistir e fechar o meu pequeno negócio de refeições para levar para fora", disse à Lusa o lusodescendente José Freitas.

Já na estrada que liga o leste da cidade de Caracas à cidade de Guarenas, centenas de pessoas bloquearam a circulação em ambos os sentidos, em protesto pela falta de água, gás doméstico e gasolina, segundo a Rádio La Maquina.

Os protestos deveram-se também ao facto de os automobilistas terem sido informados, depois de três dias em filas de espera, de que apenas seriam vendidos nove litros de gasolina por viatura em vez dos 20 que até quarta-feira estavam permitidos.

Vários utilizadores denunciaram através do Twitter que em Los Teques, no estado venezuelano de Miranda, a sul de Caracas, a população reclama que a falta de combustível paralisou o transporte público de passageiros e que os residentes estão obrigados a amontoar-se em furgonetas para poderem deslocar-se até aos seus postos de trabalho, dos setores básicos permitidos.

A falta de água potável também levou residentes do município Tomás Lander (sul) a bloquear a autoestrada que liga as localidades de Ocumare a Charallave e a estrada velha que comunica vários setores do estado de Miranda.

Na cidade de San Cristóbal, capital do estado de Táchira (830 quilómetros a sudoeste de Caracas), a população bloqueou a Avenida Marginal del Torbes, em protesto pela falta de gás doméstico, eletricidade e gasolina, segundo o diário La Nación.

Batendo tachos, os manifestantes explicaram aos jornalistas que tiveram de voltar ao passado e cozinhar os alimentos a lenha, que já estiveram sem eletricidade 16 horas por dia e até três dias seguidos sem água.

Entretanto, também no estado de Carabobo, segundo as rádios locais, dezenas de pessoas bloquearam a estrada em Los Colorados, com cartazes pedindo "gasolina já".

Segundo o portal "Reporte Ya" os manifestantes "denunciam que passam até 15 dias em fila para conseguir combustível".

Na Venezuela são cada vez mais frequentes os protestos pela falta de água, gás e eletricidade, que se intensificaram no primeiro trimestre deste ano.

O Observatório Venezuelano de Conflitos Sociais (OVS) registou, no passado mês de abril, 716 protestos na Venezuela, o maior número deles devido a apagões elétricos.

A oposição acusa o Governo do Presidente Nicolás Maduro de não flexibilizar nem levantar a quarentena preventiva da covid-19 devido à escassez de gasolina na Venezuela, país onde 55% da força de trabalho está paralisada.

 

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