"A Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder) gostaria de impedir Chang de testemunhar nos Estados Unidos, onde poderia implicar a liderança do partido, incluindo o Presidente Filipe Nyusi e o antigo Presidente Armando Guebuza", lê-se numa análise sobre o impacto da localização do julgamento do antigo governante.
No comentário, enviado aos investidores e a que a Lusa teve acesso, o diretor do departamento africano da Eurasia, Darias Jonker, escreve que "apesar de a Frelimo estar numa forte posição política depois da decisiva vitória nas eleições de outubro, mais revelações sobre o escândalo nos Estados Unidos vão provavelmente aprofundar as tensões dentro do partido".
No comentário, a Eurasia critica que "as acusações contra Chang em Moçambique ainda não foram colocadas em tribunal, mas é improvável que tenha um julgamento sério, já que as autoridades vão tentar proteger a Frelimo".
Para esta consultora, que coloca a trajetória de evolução de Moçambique a curto e longo prazo como 'Negativa', o conjunto de notícias que tem saído sobre a atuação do Governo "mostra a ansiedade do Governo em impedir que o escândalo das dívidas ocultas se torne um perigo político ainda maior".
Manuel Chang, que foi ministro das Finanças no segundo mandato do Presidente Armando Guebuza, entre 2010 e 2015, encontra-se detido na África do Sul desde 29 de dezembro de 2018, a pedido da Justiça dos EUA, por fraude, corrupção e lavagem de dinheiro numa burla internacional de 2,2 mil milhões de dólares (cerca de dois mil milhões de euros), no chamado caso das 'dívidas ocultas'.