O antigo presidente dos Estados Unidos Barack Obama dirigiu, este sábado, algumas palavras de crítica à administração norte-americana, ainda que sem nunca referir diretamente Donald Trump, o seu sucessor no cargo.
"Mais do que qualquer outra coisa, esta pandemia derrubou, completa e finalmente, a ideia de que os indivíduos na liderança sabem o que estão a fazer. Muitos deles nem sequer fingem que estão a liderar", disse o antigo presidente democrata, citado pelo New York Times.
O antigo governante falava num discurso de graduação, dirigido aos estudantes que acabaram de se formar, que foi transmitido online. Entre conselhos e palavras de motivação, típicos neste tipo de discurso, Obama deixou algumas críticas à forma como se tem lidado com a crise na saúde pública.
"Se o mundo melhorar, será da vossa responsabilidade", disse, lançando aos licenciados o desafio de preencher o vazio que acredita existir na liderança do país, neste momento.
O ex-Presidente e membro do Partido Democrata sublinhou igualmente que a crise sanitária é reveladora das desigualdades que afetam os negros norte-americanos e aparentemente indignou-se, mas sem referência explícita, com a morte de Ahmaud Arbery, 25 anos, abatido em 23 de fevereiro quando fazia 'jogging' num bairro residencial de Brunswick, cidade da Geórgia, um estado do sul do país.
"Uma doença como esta deixa transparecer as desigualdades subjacentes e o peso histórico que as comunidades negras deste país transportam", afirmou Barack Obama. E prosseguiu: "Observamos que quando um homem negro faz o seu 'jogging', há gente que decide interpelá-lo, interrogá-lo, e abatê-lo caso não se submeta às suas perguntas".
O antigo presidente vai exprimir-se num segundo acontecimento virtual, às 20h00 locais (01h00 de domingo em Lisboa), transmitido por diversas cadeias televisivas e intitulado 'Graduate Together'.
Esta iniciativa destina-se a estudantes liceais que estão privados das cerimónias de final do curso secundário, que tradicionalmente constituem importantes acontecimentos nos estabelecimentos escolares.
Em privado, e segundo os media norte-americanos, Barack Obama já qualificou mais explicitamente a gestão da pandemia por Donald Trump de "desastre caótico absoluto", durante contactos com antigos colaboradores em 08 de maio.
Na ocasião assegurou que vai despender "o tempo que for necessário para fazer campanha o mais intensamente possível por Joe Biden", a quem concedeu o seu apoio oficial, em 14 de abril, numa longa mensagem vídeo, na perspetiva das presidenciais de novembro próximo.
Contra Donald Trump, que evocou a existência de uma conspiração contra si designada "Obamagate", o ex-Presidente respondeu na semana passada com uma palavra na rede social o Twitter: "Votai".
No que respeita à pandemia do novo coronavírus, os Estados Unidos, que registaram a sua primeira morte no início de fevereiro, continuam a ser o país mais afetado, com 87.991 mortes em 1.456.029 casos. Pelo menos 250.747 pessoas foram declaradas curadas.