Numa declaração de um porta-voz dos talibãs, a liderança dos rebeldes ordena aos seus combatentes que "tomem medidas especiais para a segurança dos seus compatriotas e não lancem operações ofensivas contra o inimigo". No entanto, o cessar-fogo admite que se defendam em caso de ataque.
Desde 2001, quando foram afastados do poder pela ofensiva da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, que os talibãs não ordenavam a deposição das armas. Ainda no final de abril, os rebeldes rejeitaram uma proposta do presidente afegão, Ashraf Ghani, para a interrupção das hostilidades, considerando-a "não racional nem convincente".
O cessar-fogo de três dias ocorre na sequência de dois meses em que foram realizados mais de 3.800 ataques no país, que resultaram na morte de 420 civis e em 906 feridos, de acordo com um balanço recente das autoridades afegãs. Apesar disso, os talibãs reiteraram esta semana a vontade de respeitar o acordo de paz assinado com os EUA, em fevereiro, que prevê a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão num prazo de 14 meses.
Contudo, o acordo de paz não foi ratificado pelo governo afegão e uma solução parece estar dependente de um acordo de troca de prisioneiros, que continua a ser o principal obstáculo ao arranque das conversações diretas de paz entre ambas as partes.
O início das conversas entre o governo de Cabul e os insurgentes está sujeito à libertação de cerca de 5.000 prisioneiros talibãs e de 1.000 membros das forças afegãs em prisões dos talibãs, segundo o acordo assinado em Doha (Qatar).
O controverso processo de troca de prisioneiros começou no início de abril, mas tem-se arrastado devido a desentendimentos entre as duas partes, aumentados pela crise política no país.
No último domingo, Ashraf Ghani e o opositor Abdullah Abdullah assinaram um acordo de partilha de poder. O entendimento surgiu depois de Ghani ter proposto a Abdullah para liderar as negociações de paz com os talibãs, para colocar um ponto final em duas décadas de guerra.