"Saúdo o anúncio de cessar-fogo feito pelos talibãs. O governo afegão alarga a oferta de paz. Na qualidade de comandante-chefe, dei instruções à ANDSF (Forças Nacionais de Defesa e Segurança) para cumprir a trégua de três dias e para só se defender se for atacada", afirmou o líder afegão, numa mensagem publicada na rede social Twitter, remetendo mais informações para o discurso que irá proferir no domingo.
Os talibãs declararam hoje unilateralmente um cessar-fogo de três dias, depois de dois meses de escalada dos ataques contra as forças de segurança do Afeganistão.
A liderança dos rebeldes ordenou aos seus combatentes que "tomem medidas especiais para a segurança dos seus compatriotas e não lancem operações ofensivas contra o inimigo", mas admitiu uma reação em caso de ataque.
Desde 2001, quando foram afastados do poder pela ofensiva da coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, que os talibãs não ordenavam a deposição das armas e, no final de abril, rejeitaram uma proposta do Presidente afegão para a interrupção das hostilidades, considerando-a "não racional nem convincente".
O cessar-fogo de três dias ocorre na sequência de dois meses em que foram realizados mais de 3.800 ataques no país, que resultaram na morte de 420 civis e em 906 feridos, de acordo com um balanço recente das autoridades afegãs.
Apesar disso, os talibãs reiteraram esta semana a vontade de respeitar o acordo de paz assinado com os EUA, em fevereiro, que prevê a retirada de tropas estrangeiras do Afeganistão num prazo de 14 meses.
O acordo de paz não foi ratificado pelo Governo afegão e uma solução parece estar dependente de um acordo de troca de prisioneiros, que continua a ser o principal obstáculo ao arranque das conversações diretas de paz entre ambas as partes.
O início das conversas entre o Governo de Cabul e os insurgentes está sujeito à libertação de cerca de 5.000 prisioneiros talibãs e de 1.000 membros das forças afegãs em prisões dos talibãs, segundo o acordo assinado em Doha (Qatar).
O controverso processo de troca de prisioneiros começou no início de abril, mas tem-se arrastado devido a desentendimentos entre as duas partes, aumentados pela crise política no país.
No último domingo, Ashraf Ghani e o opositor Abdullah Abdullah assinaram um acordo de partilha de poder. O entendimento surgiu depois de Ghani ter proposto a Abdullah para liderar as negociações de paz com os talibãs, para colocar um ponto final em duas décadas de guerra.