"O tratamento com hidroxicloroquina vai continuar no Senegal, a equipa do Professor Seydi mantém o seu protocolo terapêutico", afirmou Abdoulaye Bousso à agência francesa AFP.
Nem Moussa Seydi, um infecciologista que coordena o tratamento de doentes contaminados, nem o diretor do gabinete e porta-voz do Ministério da Saúde responderam aos pedidos de esclarecimento da AFP sobre o assunto.
Mas o responsável do COES indicou que esta era a posição das autoridades sanitárias.
O Senegal, inspirado pelo professor francês Didier Raoult, decidiu rapidamente generalizar a prescrição de hidroxicloroquina nos hospitais.
Este medicamento anti-malária, disponível no mercado, está no centro de uma disputa internacional entre especialistas quanto à sua eficácia e segurança.
Um estudo realizado em quase 15.000 pacientes e publicado na última sexta-feira na revista médica 'The Lancet' mostra, segundo os autores, que a cloroquina e a sua derivada hidroxicloroquina não beneficiam os pacientes hospitalizados e até aumentam o risco de morte e de arritmia cardíaca.
Assim, recomenda que estes tratamentos não devem ser prescritos à margem dos ensaios clínicos.
Na sequência desta publicação, a Organização Mundial de Saúde já anunciou a suspensão preventiva dos ensaios clínicos que está a realizar com os seus parceiros em vários países.
A França decidiu hoje proibir a hidroxicloroquina contra a covid-19.
Na Argélia, porém, um funcionário do Ministério da Saúde afirmou que o país não desistirá da cloroquina, e o Brasil declarou que continuaria a recomendar a hidroxicloroquina contra o novo coronavírus.
No Senegal, o professor Moussa Seydi considerou que havia uma redução mais rápida da carga viral em pacientes tratados com hidroxicloroquina e uma boa tolerância ao medicamento. Porém, salientou que aquela substância só era administrada no hospital com o consentimento do paciente e que este seria vigiado por um eletrocardiograma.
O Senegal, tal como outros países do continente africano, continua a ser relativamente poupado pela pandemia. Desde 2 de março até agora, registou 3.253 casos de infeção pelo novo coronavírus e 38 mortes.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 350 mil mortos e infetou mais de 5,6 milhões de pessoas em 196 países e territórios. Mas cerca de 2,2 milhões de doentes já foram considerados curados.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Em África, há 3.589 mortos confirmados e mais de 119 mil infetados em 54 países, segundo as estatísticas mais recentes sobre a pandemia naquele continente.