Apesar de a noite de protestos ter sido calma em Nova Iorque, a segunda cidade mais populosa do estado, Buffalo, foi palco de uma cena que "acendeu" os ânimos contra a polícia.
O vídeo, divulgado pela estação WFBO, mostra um polícia de Buffalo que parece empurrar um homem de 75 anos, quando o manifestante caminhava até a polícia na praça Niagara por volta da hora do recolher obrigatório, às 20h00 locais.
O homem cai para trás e bate com a cabeça no chão, ficando deitado com sangue a escorrer enquanto alguns agentes da polícia passam.
O vídeo tornou-se viral nas redes sociais, provocando grande indignação, na sequência dos protestos dos últimos dias contra o racismo e a violência policial provocados pela morte do afro-americano George Floyd por um polícia branco.
A polícia de Buffalo disse inicialmente que uma pessoa tinha ficado "ferida quando tropeçou e caiu", mas, mais tarde, um capitão admitiu na televisão que tinha sido aberta uma investigação interna e, depois, que dois polícias tinham sido suspensos.
Enquanto isso, na cidade de Nova Iorque, os protestos pela morte de Floyd juntaram menos pessoas na noite de quinta-feira, embora os manifestantes tenham voltado a desobedecer ao recolher obrigatório e a criticar a dureza que a polícia tem mostrado nos últimos dias e a atitude do 'mayor' Bill de Blasio.
No oitavo dia de protestos, o grande destacamento policial na cidade tornou possível dispersar os manifestantes e deter todos os que resistiram ou se mantiveram na rua após o recolher obrigatório.
Mas os protestos também estão a perder força em Nova Iorque e deixou de se ver saques e motins em Manhattan, como no início da semana, embora os estabelecimentos ainda continuem a proteger as janelas com tábuas de madeira ou arame farpado.
No Indiana, algumas centenas de habitantes de uma cidade rural saíram à rua para protestar contra a violência policial e depararam-se com pessoas armadas com espingardas, colocadas em linha.
Um vídeo que circulou nas redes sociais mostra 21 pessoas de pé, ao longo de um trilho de bicicleta, perto do centro de Crown Point, Indiana, a olhar para os manifestantes que passavam na segunda-feira, durante um protesto pacífico.
Oito dos "espetadores" usavam armas de fogo, um ato que o chefe de polícia de Crown Point justificou, afirmando que estão protegidos pelas leis estaduais.
Um dos manifestantes, Cedric Caschetta, contou que os "espetadores" tentaram antagonizar os manifestantes, gritando "vão trabalhar" ou "vocês não pertencem aqui" para os negros.
Entretanto, em Washington, a Casa Branca anunciou que os arredores do local vão continuar fechados até pelo menos 10 de junho.
Nos últimos dias, a Casa Branca expandiu o seu perímetro de segurança além dos limites habituais, cavando novas valas para que os manifestantes não possam aproximar-se.
Os protestos eclodiram na última sexta-feira na área adjacente à Casa Branca, onde houve tumultos e saques durante o fim de semana, situação que terá levado os Serviços Secretos a proteger o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no 'bunker' da Casa Branca.
Desde o início da semana, no entanto, os protestos têm sido amplamente pacíficos.
A 'mayor' de Washington, Muriel Bowser, admitiu na quinta-feira estar preocupada com a possibilidade de a expansão do perímetro da Casa Branca para as ruas vizinhas da capital "não ser temporária".
Também em Los Angeles, os protestos começaram a abrandar depois de cinco dias consecutivos com recolher obrigatório.
Los Angeles viveu quinta-feira sem incidentes, o que levou o departamento do xerife do condado de Los Angeles a afirmar que deixará de aplicar o recolher obrigatório.
Por volta da meia-noite, a atmosfera nas ruas do centro da cidade não tinha nada a ver com as cenas violentas e os distúrbios do fim de semana passado, mas centenas de manifestantes estiveram em frente à câmara municipal, a tocar música, a discursar e a empunhar cartazes.
Apesar da calma que parece estar a voltar aos Estados Unidos, a governadora do Maine, Janet Mills, pediu a Donald Trump para ter atenção ao tom que vai usar durante a visita que fará hoje ao estado, para conhecer uma empresa de cotonetes especializados para testes de coronavírus.
Trump atraiu críticas por pedir aos governadores que "controlassem" os manifestantes e mandassem quem usasse violência para a prisão, mas também pela ação de seu Governo no início desta semana para forçar a remoção de manifestantes pacíficos de perto da Casa Branca para que o Presidente pudesse caminhar até a uma igreja próxima e tirar fotografias.
George Floyd, um afro-americano de 46 anos, morreu em 25 de maio, em Minneapolis (Minnesota), depois de um polícia branco lhe ter pressionado o pescoço com um joelho durante cerca de oito minutos numa operação de detenção, apesar de Floyd dizer que não conseguia respirar.
A cidade de Minneapolis despediu-se na quinta-feira de Floyd, e será enterrado na próxima terça-feira no Texas.
A sua morte, divulgada nas redes sociais, causou uma das maiores sequências de protestos contra a violência policial e o racismo em dezenas de cidades norte-americanas, algumas das quais foram palco de atos de pilhagem.
Pelo menos 10 mil pessoas foram detidas desde o início dos protestos, e as autoridades impuseram recolher obrigatório em várias cidades, incluindo Washington e Nova Iorque, enquanto o Presidente norte-americano, Donald Trump, já ameaçou mobilizar os militares para pôr fim aos distúrbios nas ruas.
Os quatro polícias envolvidos foram despedidos, e o agente Derek Chauvin, que colocou o joelho no pescoço de Floyd, foi acusado de homicídio em segundo grau, arriscando uma pena máxima de 40 anos de prisão.
Os restantes vão responder por auxílio e cumplicidade de homicídio em segundo grau e por homicídio involuntário.
A morte de Floyd ocorreu durante a sua detenção por suspeita de ter usado uma nota falsa de 20 dólares (18 euros) numa loja.