No final de janeiro, Washington apresentou um plano para o Médio Oriente que prevê a anexação por Israel de colonatos na Cisjordânia, ocupados desde 1967 por Israel, num programa que nunca foi aceite pela autoridade palestina, que prometeu contrariar as intenções norte-americanas.
"Submetemos uma contraproposta ao quarteto há alguns dias", disse Shtayyeh, referindo-se ao grupo composto por União Europeia, ONU, Rússia e Estados Unidos, que foi escolhido como interlocutor para as negociações.
O primeiro-ministro palestiniano diz que o texto "de quatro páginas e meia" propõe a criação de um "Estado palestiniano soberano, independente e desmilitarizado".
O documento hoje anunciado propõe ainda "pequenas modificações na linha de fronteira, quando necessárias", explicou Shtayyeh, durante um encontro com jornalistas estrangeiros em Ramallah, sede da autoridade da Palestina, acrescentando que a transferência de territórios agora proposta se fará de "igual para igual" em termos de dimensão e valor.
O projeto dos EUA prevê a criação de um Estado palestiniano num território reduzido, sem incluir Jerusalém Oriental como sua capital, ao contrário dos que os palestinianos reclamavam.
A União Europeia opôs-se ao projeto desenhado por Jared Kushner, conselheiro do Presidente Donald Trump, e pediu ao Governo israelita para renunciar à anexação dos colonatos, recusando aplicar o plano norte-americano.
Vários países europeus também procuraram, ao longo dos últimos meses, dissuadir Israel de aplicar o projeto dos EUA para o Médio Oriente, dando razão aos apelos agora repetidos pela Autoridade Palestiniana.
"Queremos que Israel sinta a pressão internacional (...). Pela primeira vez, aliados políticos europeus estão a discutir sanções contra Israel", disse hoje Shtayyeh.
"O reconhecimento (de um Estado palestiniano) é uma medida preventiva contra a anexação. As sanções são outra coisa, adicional", explicou o primeiro-ministro da Palestina.
Nos últimos dias, multiplicaram-se manifestações na Cisjordânia, mas também em Israel, contra um projeto de anexação, sem, contudo, terem conseguido reunir grandes multidões de apoio às reclamações palestinianas.
"A raiva está aí. A insatisfação está aí. A frustração está aí. E tudo isso é uma receita para mais problemas", concluiu Shtayyeh, garantindo que a Autoridade Palestina, liderada por Mahmous Abbas, deseja "evitar o caos".
Atualmente, mais de 450.000 israelitas vivem em colonatos na Cisjordânia, considerados ilegais pela lei internacional.