Bolton diz em livro que Trump pediu ajuda da China para ganhar eleições

O livro 'The Room Where It Happened' tem várias revelações explosivas. O antigo conselheiro de Segurança Nacional afirma que Trump disse a Xi Jinping para avançar com os campos de concentração para os uigures e que o presidente sugeriu que os jornalistas deviam ser presos por não revelarem as suas fontes.

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Fábio Nunes
17/06/2020 23:42 ‧ 17/06/2020 por Fábio Nunes

Mundo

Donald Trump

O The New York Times e o The Washington Post tiveram acesso a cópias de um dos livros mais esperados no espectro político e social norte-americano. Trata-se do livro do antigo conselheiro de Segurança Nacional de Donald Trump, John Bolton, intitulado 'The Room Where It Happened', que vai ser publicado na próxima terça-feira. E a julgar pelos excertos divulgados pelo Times e pelo Post, o livro de memórias de Bolton não é parco em afirmações explosivas. 

Um dos excertos do livro aborda uma cimeira no ano passado entre Trump e o presidente chinês Xi Jinping, na qual o líder norte-americano pediu a ajuda do seu homólogo para ganhar as eleições deste ano. 

O presidente dos Estados Unidos alegadamente acenou com as vantagens económicas para a China da sua reeleição. 

"[Trump] Aludiu à capacidade económica da China para afetar as campanhas que estavam a decorrer, pedindo a Xi para garantir que ele vencia as eleições. Ele realçou a importância dos agricultores, e as crescentes compras de soja e de trigo por parte da China no desfecho eleitoral. Eu imprimiria as palavras exatas de Trump mas o processo de revisão do governo antes da publicação do livro decidiu de outra forma", constata Bolton. 

Bolton também faz referência à ingenuidade de Trump nos encontros com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un. O antigo conselheiro descreve a obsessão de Trump para oferecer como presente a Kim Jong-un um CD de 'Rocket Man' de Elton John. Convém relembrar que num tweet que se tornou muito popular, Trump chamou "pequeno homem foguete" ao líder norte-coreano. 

A alegada concordância sobre os campos de concentração para os uigures

Outro dos excertos explosivos do livro de Bolton diz respeito aos campos de concentração construídos na China e para onde foram enviados os uigures, uma minoria étnica muçulmana no país asiático. Bolton revela que Xi Jinping "explicou a Trump que estava a construir campos de concentração em Xinjiang" e que Trump terá dito ao presidente chinês para "avançar com os campos", pois "achava que era a coisa certa a fazer". 

Também não faltam afirmações depreciativas do presidente norte-americano sobre os jornalistas. Bolton diz que Trump terá afirmado que os jornalistas deviam ser presos se não revelassem as suas fontes. "Essas pessoas deviam ser executadas. São escumalha", terá referido Trump. 

Bolton salienta que a Câmara dos Representantes devia ter analisado outros atos de Trump que podiam ser alvo de processo de 'impeachment'. Os democratas já criticaram o antigo conselheiro de Segurança Nacional por não se ter chegado à frente durante o processo de 'impeachment' relacionado com a pressão de Trump sobre a Ucrânia - o presidente norte-americano ameaçou reter financiamento destinado ao governo de Kiev, caso não investigasse Joe Biden, que será o seu rival nas presidenciais, e o filho deste, Hunter. 

John Bolton disponibilizou-se para o julgamento no Senado, mas os republicanos votaram para que não fossem permitidas testemunhas nesse processo. Como se sabe, Trump acabou por ser absolvido pelo Senado de maioria republicana. 

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