Resolução da ONU sobre racismo deixa Estados Unidos de fora

Os Estados Unidos deixaram de estar mencionados num projeto de resolução que deve ser votado hoje no Conselho de Direitos Humanos da ONU, que condena o racismo sistémico e a violência policial.

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Lusa
19/06/2020 15:25 ‧ 19/06/2020 por Lusa

Mundo

George Floyd

O Conselho de Direitos Humanos, um órgão da ONU, com sede em Genebra, do qual Washington se retirou em 2018, deve hoje votar uma resolução apresentada por um conjunto de países africanos, após uma reunião de emergência convocada após a morte de George Floyd, que provocou uma onda global de protestos.

Na sua versão inicial, a resolução pedia o estabelecimento de uma comissão de inquérito para esclarecer o "racismo sistémico" nos Estados Unidos, com base na morte de Floyd, o afro-americano que morreu asfixiado sob escolta policial, em Minneapolis, no passado dia 25.

Contudo, o texto foi gradualmente modificado e, na versão que hoje deve ser votada, já não consta a menção específica aos Estados Unidos, apesar dos protestos de várias organizações não-governamentais, que gostariam de ver permanecer a investigação ao caso do racismo sistémico nas autoridades de segurança norte-americanas.

Na versão final, o texto limita-se a pedir à Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, para que "prepare um relatório sobre o racismo sistémico, violações do direito internacional e maus tratos contra africanos e pessoas de ascendência africana, pela aplicação da lei".

As organizações não-governamentais acusam os Estados Unidos de ter pressionado a ONU para esvaziar o texto de parte relevante do seu conteúdo.

"Ao pressionar outros países a diluir o que teria sido uma resolução histórica e, assim, isentar-se de qualquer investigação internacional, os Estados Unidos voltam as costas às vítimas da violência policial e às pessoas negras", lamentou a União Americana das Liberdades Civis (ACLU).

Sem mencionar os Estados Unidos, Michelle Bachelet denunciou na quarta-feira, perante o Conselho a que preside, a existência de "racismo sistémico" e pediu que sejam reparados os séculos de opressão das populações negras.

Após um minuto de silêncio por todas as vítimas de racismo, a vice-secretária geral da ONU, Amina Mohammed, disse, numa mensagem de vídeo, que era "responsabilidade" das Nações Unidas responder às vítimas de racismo.

Antes da reunião do Conselho ser aberta, na quarta-feira, cerca de 20 altos funcionários da ONU de ascendência africana, incluindo o chefe da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, assinaram uma declaração dizendo que "a mera condenação de expressões e atos de racismo não é suficiente".

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