"Gostaria (...) de informar que tomámos a decisão de retomar as atividades da embaixada da Rússia na Líbia", declarou Sergei Lavrov, durante uma reunião realizada na capital russa com o presidente do parlamento de Tobruk, Aguila Saleh, aliada do marechal Khalifa Haftar, homem forte no leste da Síria.
Lavrov lembrou que, por enquanto, o encarregado de negócios da embaixada russa na Líbia, Jamshed Boltaev, ficara em Tunes, na Tunísia, mas o seu papel será "representar a Rússia em todo o território líbio".
Um grupo de pessoas enfurecidas invadiu a embaixada russa em Trípoli em outubro de 2013 e queimou a bandeira da missão diplomática, em retaliação pelo assassínio de um oficial da força aérea da Líbia por um cidadão russo, admirador do ex-líder líbio, Muammar Kadhafi, que morreu em 2011.
Após esse ataque, a delegação russa retirou-se para a Tunísia e interrompeu as suas atividades porque o Governo de Trípoli não ofereceu garantias de segurança.
Lavrov reiterou ao líder do parlamento de Tobruk que Moscovo considera que o conflito na Líbia "não tem solução militar" e afirmou que "todas as contradições podem e devem ser resolvidas através de canais políticos na mesa de diálogo entre os próprios líbios".
Nesse sentido, o ministro russo apreciou a iniciativa proposta em 23 de abril por Aguila Saleh, observando que a Rússia apoia "a cessação dos confrontos armados e o início do diálogo político, a fim de formar novos órgãos de poder unido, baseados no representação equitativa das três regiões históricas da Líbia".
Além disso, Lavrov disse que a iniciativa do Cairo na Líbia poderia "lançar as bases do diálogo" na Líbia.
No início de junho, o Presidente egípcio, Abdelfatah al-Sissi, reuniu-se com Haftar e propôs desarmar as milícias para encerrar o conflito entre o general rebelde e o Governo de Acordo Nacional (GAN), sediado em Tripoli, reconhecido pela ONU.
Após a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011, na sequência de uma revolta interna e uma decisiva intervenção aérea de forças da NATO (onde a França se destacou juntamente com Reino Unido e Estados Unidos), a Líbia resvalou para uma situação de caos, com contínuos conflitos e lutas pelo poder.
A guerra civil na Líbia, que se agravou na sequência de uma crescente ingerência externa, em particular do Egito, Emirados Árabes Unidos, França e Rússia em apoio a Haftar e, mais recentemente, da Turquia e Qatar em apoio ao campo oposto -- a Itália, antiga potência colonial, também tem privilegiado os contactos com Tripoli --, provocou muitos milhares de mortos e mais de 200.000 deslocados.