Reserva isolada da Amazónia no Peru com primeiros indígenas infetados
A comunidade da etnia 'nahua', que vive numa das cinco reservas de indígenas na Amazónia, no Peru, registou os primeiros casos de infeção por covid-19, apesar das precauções tomadas nas últimas semanas para evitar contágios naqueles povos isolados.
© REUTERS/David Mercado
Mundo Covid-19
Pelo menos seis casos foram detetados na Reserva Territorial Kugapakori, Nahua, Nanti e outras (RTKNN), um espaço com cerca de 456 mil hectares de selva onde vivem povos nativos sem contacto com a sociedade contemporânea, divulgaram hoje as autoridades sanitárias daquela região.
Segundo noticia a agencia EFE, os casos estão concentrados na comunidade de Santa Rosa de Serjalí, o principal local de habitação dos 'nahuas', onde vivem 391 pessoas, agrupadas em 129 famílias.
Esta etnia é considerada um povo isolado para o Ministério da Cultura daquele país, pois já há três décadas que está isolada, de forma voluntária, do resto da sociedade.
O primeiro a apresentar sintomas foi um homem de 47 anos, que não é indígena, mas reside naquela comunidade, por ser marido de uma nativa.
Após ter sido tratado no posto de saúde daquela comunidade para combater uma infeção respiratória grave, foi transferido para a localidade de Sepahua, o núcleo urbano mais perto da reserva, por não ter uma evolução favorável, e realizou um teste à covid-19 que deu positivo.
Este homem faz parte de um grupo de 38 habitantes de Santa Rosa de Serjalí, que em junho fez duas semanas de quarentena em Sepahua antes de regressar à comunidade, após aquela localidade da região da Amazónia de Ucayali ter registado os primeiros casos de infeção por covid-19, de acordo com as autoridades de saúde.
A propagação do novo coronavírus por todo o território peruano também foi confirmada na semana passada, com casos diferentes em algumas das comunidades mais remotas da Amazónia peruana, localizada na fronteira com o Brasil, uma área que não tem controlo migratório.
Há pelo menos seis casos no Alto Purús de Ingígenas Sharanahuas, que entraram naquela comunidade pelo lado brasileiro da fronteira.
Uma situação semelhante aconteceu mais ao norte na comunidade nativa de Ashéninka Alto Tamaya-Saweto, onde se registaram também seis casos na semana passada.
Estas infeções motivaram mobilizações dos povos indígenas em cidades da Amazónia em protesto contra a falta de assistência às populações nativas desde o início da pandemia.
Até agora, o número de indígenas infetados e de vítimas mortais pela covid-19 é desconhecido.
O Peru é o quinto país do mundo e o segundo da América Latina com mais casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus, registando mais de 326 mil infetados e perto de 12 mil mortes.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 569 mil mortos e infetou mais de 12,92 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
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