Covid-19: OMS alerta para agravamento de crises humanitárias

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje para o possível agravamento de conflitos e crises humanitárias nos países mais pobres, na sequência das consequências socioeconómicas da pandemia da covid-19.

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© Reuters

Lusa
17/07/2020 19:49 ‧ 17/07/2020 por Lusa

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Pandemia

 

"news_bold">"Apesar de a covid-19 ter capturado a atenção do mundo, também nos devemos lembrar que não é a única crise que o mundo enfrenta", afirmou o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmando que a pandemia ameaça exacerbar conflitos e crises humanitárias que muitos países ainda estão a enfrentar.

Admitindo que ainda é cedo para avaliar o real impacto das medidas restritivas e de confinamento, impostas por todo o mundo para tentar conter a pandemia, o diretor-geral adiantou que as estimativas apontam para um aumento em cerca de 132 milhões de pessoas em situação de fome em 2020.

O alerta foi dado durante a habitual conferência de imprensa da OMS, que contou hoje com a participação do subsecretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, que apresentou um plano de ajuda humanitária.

Segundo Mark Lowcock, o plano vai permitir apoiar 63 países em situação vulnerável e tem um custo previsto de mais de 9.000 milhões de euros, mas o responsável defendeu que o custo de não fazer nada será muito maior.

"A menos que façamos alguma coisa agora, devemo-nos preparar para uma série de tragédias humanas, mais brutais e mais destrutivas do que qualquer um dos impactos diretos do vírus", sublinhou, afirmando que a pandemia ameaça "desfazer décadas de desenvolvimento".

Entre os "custos da inação", Mark Lowcock referiu que as estimativas apontam para a possibilidade de a pandemia induzir o primeiro aumento da pobreza global, desde 1990, precisando que entre 70 a 100 milhões de pessoas poderão ser empurradas para a pobreza extrema.

O responsável pelos assuntos humanitários disse ainda que se estima que mais 13 países venham a enfrentar novos conflitos entre 2020 e 2022 e acrescentou: "Se isto se materializar, a instabilidade global irá atingir um novo pico em 30 anos".

O plano de ajuda humanitária da ONU prevê cerca 7.300 milhões para respostas ao nível nacional, 1.500 milhões para requisições globais, em particular, para o transporte aéreo de ajuda humanitária, 260 milhões para o financiamento suplementar de organizações não-governamentais e 430 milhões para a prevenção da fome.

O custo deste plano é cinco vezes superior àquele da proposta apresentada pelas Nações Unidas em março, no entanto, Mark Lowcock lamentou que até agora só tenham sido recebidos menos de 1.400 milhões.

"A resposta das nações mais ricas, que nesta altura protegeram o seu povo e a sua economia, foi gravemente inadequada, no que respeita a ajudar os países mais pobres e isso é uma visão perigosamente curta", sublinhou, defendendo que estes problemas podem ser resolvidos "com relativamente pouco dinheiro.

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