"O Ministério Público nomeou dois procuradores com competência em matéria de direitos humanos para investigar e sancionar estes factos relacionados com tratamentos cruéis, inumanos e degradantes contra cidadãos em plena via pública", anunciou o procurador-geral, Tarek William Saab.
O anúncio foi feito através do Twitter, onde o procurador-geral, designado pela Assembleia Constituinte (composta unicamente por simpatizantes do regime,) divulgou um vídeo no qual vários homens usam um taco para golpear várias pessoas nas pernas e nas mãos em plena via pública.
Na gravação ouvem-se os agressores a interrogar as vítimas sobre onde vivem, e onde estão as máscaras e o salvo-conduto.
A investigação do Ministério Público venezuelano ocorre depois de várias pessoas terem divulgado, através das redes sociais, vídeos de militares a obrigar cidadãos a caminharem agachados pelas ruas e a dizerem em coro que devem usar máscaras e cumprir a quarentena preventiva da covid-19.
Na Venezuela, é cada vez mais frequente os funcionários policiais e militares pararem as pessoas nas ruas, mesmo as que usam máscaras e algumas com luvas, e exigirem um salvo-conduto que lhes permita ir para o trabalho ou para aceder ao metropolitano, segundo queixas tornadas públicas.
Nalguns casos é exigido que o salvo-conduto seja carimbado pelas autoridades militares do Fuerte de Tiuna (a principal base militar de Caracas).
Há ainda queixas de que as autoridades detêm temporariamente as pessoas, alegando que a máscara está mal colocada, obrigando-as ainda a assistir a uma conversa sobre a covid-19.
Na Venezuela estão confirmados 12.774 casos de pessoas infetadas e 120 mortes associadas ao novo coronavírus. Estão também dados como recuperados 6.983 pacientes.
O país está desde 13 de março em estado de alerta, o que permite ao executivo decretar "decisões drásticas" para combater a pandemia.
Os voos nacionais e internacionais estão restringidos até 12 de agosto de 2020 e os cidadãos estão impedidos de circular entre as distintas regiões do país.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 617.500 mortos e infetou mais de 15 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.