O pedido de Atenas surge depois de Istambul ter enviado um navio de prospeção de hidrocarbonetos para uma zona disputada por ambos os países no Mediterrâneo oriental, o que reavivou as tensões entre a Grécia e a Turquia.
"O Ministério dos Negócios Estrangeiros vai entregar um pedido para uma cimeira de urgência no Conselho dos Negócios Estrangeiros da União Europeia", indicou o gabinete do executivo grego.
Na segunda-feira à noite, falando após uma reunião de quatro horas do Governo, o Presidente turco, Recep Erdogan, avisou que a Turquia não vai ficar confinada à exploração do 'offshore' ao longo da sua costa, mas, num outro sentido, pareceu "conciliador", segundo noticia a agência Associated Press (AP).
"Vamos juntar-nos como países mediterrânicos. Vamos encontrar uma fórmula aceitável para todos, para proteger os direitos de todos", disse o chefe de Estado turco num discurso televisivo.
"Estamos sempre prontos para encontrar uma solução de disputas através do diálogo. Vamos continuar a implementar os nossos próprios plano no Mediterrâneo oriental e no campo diplomático até que prevaleça o bom senso a este respeito", acrescentou Erdogan.
Além da prospeção de gás, a Marinha turca começou na segunda-feira manobras navais no leste do Mediterrâneo, deixando as autoridades gregas em alerta, com o executivo de Atenas a convocar a Comissão Nacional de Segurança.
As operações turcas começaram dias depois de a Grécia e o Egito terem assinado um acordo de delimitação das Zonas Económicas Exclusivas (ZEE), não reconhecido pela Turquia.
Segundo a estação emissora CNN Turk, as manobras navais, que decorrem próximo das ilhas gregas de Rodhes e de Kastelorizo, prolongam-se até terça-feira à noite.
O Governo turco tinha anunciado a realização das manobras a 06 deste mês, no mesmo dia em que a Grécia e o Egito assinaram o acordo de delimitação das ZEE, medida destinada a invalidar um tratado semelhante rubricado em novembro de 2019 entre a Turquia e o Governo internacionalmente reconhecido da Líbia.
As autoridades da Turquia criticaram a Grécia por ter anunciado o acordo quando delegações dos dois países estavam a levar a cabo negociações em Berlim sob mediação da Alemanha, para procurar uma solução para as divergências.
Também na segunda-feira, e no plano económico e científico, o ministro da Energia e dos Recursos Naturais da Turquia, Faith Donmez, anunciou a retoma das explorações de gás no Mediterrâneo oriental e no Mar Negro, junto às costas das províncias turcas da Antália e de Chipre, operações que vão prolongar-se até 23 deste mês.
A intenção, disse Donmez, é garantir a independência energética do país.
A Turquia nunca anunciou formalmente a interrupção das operações de prospeção de gás numa zona também reclamada pela Grécia e por Chipre, mas, no final de julho, após uma conversa com a chanceler alemã, Angela Merkel, o navio de prospeção sísmica turco adiou a saída.
Ancara reivindica uma grande área do Mediterrâneo oriental como sua ZEE, argumentando que as ilhas gregas -- nos mares Egeu e Jónio existem também cerca de 200 ilhéus desabitados - não podem servir de base para delimitar a zona exclusiva helénica, postura contestada por Atenas e pela União Europeia (UE).
Em Atenas, o Governo ordenou às Forças Armadas a entrada em alerta máximo, depois de a Turquia ter emitido o "aviso à navegação" ('NavTex') sobre manobras com fogo real numa zona marítima próxima de Rodhes e de Kastelorizo, e de ter iniciado as explorações de gás no Mediterrâneo oriental.
Segundo o gabinete de Mitsotakis, o primeiro-ministro grego informou Michel sobre o acordo assinado com o Egito sobre a delimitação das ZEE, bem como os sobre os "acontecimentos preocupantes no Mediterrâneo oriental".