A manifestação, organizada pelo movimento "Free People", que durou mais de seis horas, segundo a agência Efe, e que é provavelmente a maior na Tailândia desde o golpe de 2014, tem como reivindicação central pedir uma nova Constituição e limitar o poder da monarquia, um assunto que é tabu no país.
O protesto de hoje faz parte do movimento estudantil de contestação que começou em 18 de julho, cujo epicentro está nos 'campus' universitários de todo o país.
Trata-se de um movimento apartidário e transversal a diferentes setores da sociedade tailandesa, desde sindicalistas a ativistas pelos direitos LGBT que assim procuram expressar os seus protestos.
A maioria dos estudantes na casa dos vinte anos, cantaram canções e levantaram três dedos inspirados no filme "Jogos Vorazes" em sinal de resistência ao autoritarismo e gritaram "Democracia!".
Em declarações à agência Efe, Sinthorn, uma recém-licenciada de 23 anos disse que estavam a protestar para "exigir democracia e denunciar a falta de liberdade de expressão".
E prosseguiu, acusando o Governo e a monarquia de gastar o dinheiro da população e não fazer nada por ela.
A jovem embora reconheça não esperar alcançar de imediato uma "grande mudança", algo que é "muito difícil" num país controlado por elites pró monárquicas e um Exército envolvido na política, advertiu que os protestos servirão para "impulsionar a sociedade".
Entretanto, no sábado, depois ter sido libertado a troco do pagamento de uma fiança, um dia após a detenção, sob a acusação de sedição (insurreição), o líder estudantil do movimento antigovernamental da Tailândia Parit 'Pinguim' Chiwarak prometeu continuar com os protestos.
Na sexta-feira, cerca de 1.000 alunos reuniram-se no espaço do 'campus' da Universidade Chulalongkorn, no centro de Banguecoque, para pedir uma nova Constituição, a renúncia do Governo, a reforma da monarquia e o fim da intimidação aos críticos, depois de Parit 'Pinguim' Chiwarak, uma das figuras do movimento pró-democracia, ter sido detido pelas autoridades, com os protestos a estenderem-se a outras cidades da Tailândia.
Segundo a Asociated Press (AP), após ser libertado pelo Tribunal Criminal de Banguecoque, Parit teve uma "postura desafiante" para com o regime tailandês, perante "uma multidão de jornalistas e simpatizantes", uma vez que saiu em liberdade com a condição de não repetir as alegadas ofensas contra o Governo.
De acordo com a AP, Parit "leu uma lista de propostas para reformar a monarquia, apresentada pela primeira vez no comício universitário de segunda-feira", fazendo o país balançar, "porque as críticas públicas à instituição real são virtualmente sem precedentes e tradicionalmente tabu".
Contudo, não está claro se todos os elementos do movimento de protesto apoiam as propostas, acrescenta a agência de notícias.
"Não me arrependo de ter sido preso, porque, desde que entrei para o movimento, sabia que poderia acontecer, mas não será em vão. Todos deveriam ter a coragem de falar sobre a monarquia", afirmou Parit.
Existe uma lei dura contra os atos de difamação da monarquia, a qual prevê uma pena de três a 15 anos de prisão, e, além disso, as críticas à monarquia também podem ser processadas sob vários outros estatutos que cobrem principalmente a segurança nacional.
Após sua libertação, Parit declarou na sua página da rede social Facebook que esperava ver muitos dos seus seguidores no "grande comício" de hoje, em Banguecoque.
Esta foi a terceira prisão de um ativista numa semana, depois das de um advogado e outro líder estudantil, a 07 de agosto, ambos libertados sob fiança 24 horas depois, e sobre os quais impendem 10 acusações, incluindo sedição e violação da lei de emergência sanitária.
Os protestos têm ganhado força há várias semanas, mas assumiram um rumo polémico na segunda-feira, quando alguns palestrantes de outra universidade a norte de Banguecoque criticaram abertamente aspetos da monarquia constitucional da Tailândia.