Numa entrevista publicada hoje pelo jornal italiano "Corriere della Sera", Aoun, cujo partido é aliado do movimento xiita Hezbollah, considerou impossível a alegação de que a explosão teria sido causada por um depósito de armas do Hezbollah.
A explosão que ocorreu a 04 de agosto no porto da capital libanesa, Beirute, causou pelo menos 180 mortos e mais de 5.000 feridos.
Michel Aoun observou que "embora pareça ter sido um acidente", todas as pistas, incluindo a do depósito do Hezbollah, serão investigadas, já que, por exemplo, "muitas testemunhas dizem que viram ou ouviram aviões a voar antes da explosão".
Também o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, tinha antes negado a acusação de que o poderoso e fortemente armado movimento xiita tinha um armazém com armas no porto.
Sobre deixar o cargo de Presidente, a pedido das manifestações que decorrem no Líbano desde as explosões, Aoun sublinhou que não está "entre as suas prerrogativas", que "talvez dentro de um ano ou seis meses", porque "o Parlamento deve dissolver-se e decidir-se".
O chefe de Estado libanês acrescentou que há algum tempo vem propondo "um programa de renovação total da Constituição e da lei eleitoral", mas isso "deve ser feito gradualmente" e convidou os manifestantes "a acalmarem-se primeiro".
"Não podemos trabalhar sob pressão, a raiva deve ser aplacada. Não vou sair, não posso criar um vácuo institucional. Vou trabalhar para um novo Executivo que levará a novas eleições em algum tempo", reiterou.
E confirmou ao jornal italiano o seu repúdio a uma comissão internacional de inquérito sobre a explosão.
"A Constituição prevê que seja o nosso sistema judicial a investigar os problemas internos. Isso não exclui investigadores franceses, americanos e outros que já ajudam a nossa polícia".
Em relação à decisão sobre o assassínio do ex-primeiro ministro libanês Rafic Hariri, o Presidente indicou que respeitará a decisão, mas especificou que "15 anos se passaram desde o assassínio e a Justiça após um período tão longo já não é Justiça".