A Amnistia Internacional (AI) contradiz a versão do governo de Nicolás Maduro sobre a morte do militar venezuelano Rafael Acosta Arévalo. "Ao contrário do que mostra a investigação da justiça venezuelana, Rafael Acosta não morreu num hospital. Desapareceu, foi torturado e morreu diante de um juiz. Com estes factos, não foi feita justiça", disse a diretora da Amnistia Internacional para as Américas, Erika Guevara Rosas.
As descobertas da AI, feitas através da análise às 550 páginas dos documentos judiciais do processo contra dois guardas nacionais da Direção-Geral de Contrainteligência Militar (DGCIM), desmentem a versão governamental e confirmam que o capitão Acosta foi torturado até à morte, possivelmente num centro clandestino.
De acordo com a mesma organização, o militar apresentava múltiplas lesões corporais, "que comprometeram os pulmões ao ponto de provocar um edema cerebral grave".
Sublinhe-se que o homicídio do capitão de corveta Rafael Acosta Arévalo, que ficou sob custódia do Governo por suspeitas de conspiração, causou consternação na Venezuela e o repúdio a nível internacional, confirmando que a DGCIM pratica tortura aos presos políticos, sobretudo aos militares.
Nuevo informe de Amnistía InternacionalMorir ante un juez: detención, desaparición forzada, tortura y muerte de Rafael Acosta ArévaloExpone la falta de independencia del poder judicial y necesidad de justicia #JusticiaYVerdad#JusticiaParaVenezuelahttps://t.co/YmY7tjclez pic.twitter.com/eTueQqadf6
— amnistia org (@amnistia) September 4, 2020
No relatório oficial, porém, "apesar das mais de 50 lesões corporais da vítima e do seu precário estado de saúde antes de chegar a um tribunal militar, sete dias depois da família denunciar o seu desaparecimento", não é mencionada a palavra tortura uma única vez, de acordo com Erika Guevara Rosas.
Os Estados Unidos, vários países latino-americanos e a oposição da Venezuela pediram no ano passado à ONU uma investigação à morte de um militar venezuelano, que foi detido a dia 21 de junho de 2019 por elementos da Direção-Geral de Estratégia Militar sem que tenham sido divulgados os motivos da detenção.
O Ministério Público (MP) venezuelano anunciou o início de uma "exaustiva e científica investigação" à morte, um dia depois.