Guaidó participou hoje, de forma virtual, num evento organizado em Madrid pelo Fórum Nova Economia, onde criticou duramente a gestão da pandemia pelo Governo de Nicolás Maduro e insistiu na necessidade de realizar eleições presidenciais para começar a "transição" no país.
"O grande papel da Europa neste momento é fixar neste processo quais são os mínimos para as eleições, não estamos a falar de democracia se não houver um mínimo para tornar este processo num passo para a solução e não para que a ditadura o utilize", afirmou Guaidó.
"Não estamos a falar de eleições democráticas, isso vamos ter quando recuperarmos a democracia na Venezuela. Nós, venezuelanos, estamos absolutamente conscientes disso, mas há um mínimo para transformar este processo num processo de solução e para não permitir que a ditadura o utilize para justificar o desastre económico", continuou.
Durante a conversa, Guaidó, reconhecido por mais de 50 países como Presidente interino da Venezuela, exigiu que a comunidade internacional "mantenha a firmeza e determinação", e para não "flexibilizar em nenhum momento" os critérios "para a solução" do conflito venezuelano.
"O que está a acontecer na Venezuela tem que servir de reflexão sobre que ferramentas temos na região, temos que fazer o regime entender que as democracias podem-se defender, há ferramentas de pressão num momento em que estamos a avançar em todos os setores para uma solução", apontou.
As próximas eleições legislativas na Venezuela estão marcadas para o próximo dia 06 de dezembro.
No entanto, 37 organizações, entre elas os quatro maiores partidos da oposição (Ação Democrática, Primeiro Justiça, Vontade Popular e Um Novo Tempo), anunciaram que não participariam nas legislativas, que antecipam ser "uma fraude".
O ex-candidato presidencial, Henrique Capriles Radonski, demarcou-se recentemente do líder opositor Juan Guaidó. Tem instado a oposição a participar nas próximas eleições e anunciou que está a analisar várias propostas de pequenos partidos opositores.
Desde junho, o Supremo Tribunal de Justiça da Venezuela suspendeu a direção dos partidos opositores Vontade Popular, Primeiro Justiça e Ação Democrática, e também de vários partidos afetos ao regime, entre eles Pátria para Todos e Tupamaro, e ordenou que fossem reestruturados, nomeando direções provisórias para esses partidos.
A decisão foi classificada pela oposição como uma manobra de preparação "para uma nova farsa eleitoral", em que o regime decidirá quem preside aos partidos nas próximas eleições.
A Venezuela tem, desde janeiro, dois parlamentos parcialmente reconhecidos, um de maioria opositora, liderado por Juan Guaidó, e um pró-regime, liderado por Luís Parra, que foi expulso do partido opositor Primeiro Justiça, mas que continua a dizer que é da oposição.