"Um segundo confinamento não deveria ser inevitável. Seria um sinal do fracasso do Governo", afirmou hoje, num discurso durante o congresso do 'Labour', referindo o impacto de mais restrições na saúde física e mental das pessoas e na economia britânica.
Starmer acusou o Executivo britânico de ter perdido o controlo no combate à pandemia, que resultou em pelo menos 41.788 mortes confirmadas no Reino Unido, embora o número real incluindo casos suspeitos seja superior a 57 mil.
"Eu tentei ser construtivo. Compreendo que estes são tempos sem precedentes e que governar é difícil. Tentei ser justo, dar ao governo o benefício da dúvida. Mas agora, com uma das maiores taxas de mortalidade do mundo, e no limiar de uma das recessões mais profundas em qualquer lugar, receio que não haja dúvidas", disse, acusando o governo de "incompetência".
O primeiro-ministro, Boris Johnson, vai anunciar novas restrições para a pandemia covid-19 hoje no parlamento, após uma reunião do conselho de emergência esta manhã.
Entre as medidas já adiantadas está a redução do horário de funcionamento de bares e restaurantes, com o encerramento obrigatório às 22h00, a recomendação do teletrabalho e a suspensão de testes para o regresso de espetadores aos grandes eventos desportivos.
O anúncio segue-se a uma aceleração do número de casos de infeção nas últimas semanas, que está a duplicar todos os sete dias, o que os assessores científicos receiam que resulte numa sobrecarga dos serviços de saúde públicos e um aumento da mortalidade direta e indireta.
O Centro de Biossegurança Comum, que inclui os diretores gerais de saúde de Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, determinou a subida do alerta do nível 3 (epidemia de covid-19 em circulação geral) para o nível 4 (epidemia de covid-19 em circulação geral, transmissão alta ou a aumentar exponencialmente).
No discurso feito pela Internet, já que o congresso foi feito em formato 'virtual' devido à pandemia covid-19, Keir Starmer lamentou os problemas nos últimos meses, nomeadamente na reabertura das escolas, na elaboração de um sistema de avaliação para os alunos do secundário, a falta de equipamento de proteção para profissionais de saúde, o número elevado de mortes nos lares de idosos e o atraso na criação de um sistema de teste e rastreamento.
O líder do principal partido da oposição não revelou novas políticas nem fez quaisquer promessas eleitorais, apesar de garantir que vai respeitar os "valores" tradicionais de esquerda do partido.
Keir Starmer procurou, sim, distanciar-se do antecessor Jeremy Corbyn, ao qual sucedeu em junho, e salientou que esta é uma "nova liderança", prometendo erradicar o antissemitismo e fazer uma "oposição competente e de confiança".
"Eu não subestimo o trabalho que será necessário. Mas posso fazer esta promessa: o 'Labour' nunca mais irá para umas eleições sem ter a confiança [dos eleitores] para tomar conta da segurança nacional, do emprego, da comunidade e do dinheiro [dos contribuintes]", assegurou.
O congresso do Partido Trabalhista durou quatro dias e encerra esta tarde.