Contactado pela justiça central da Bósnia depois de ter cometido uma série de atos secessionistas, o presidente da Republika Srpska (RS), a entidade sérvia da Bósnia, está a desrespeitar o mandado de captura que lhe foi emitido pela justiça bósnia em meados de março, viajando de forma livre.
Desde o final da guerra em 1995, a Bósnia está dividida em duas entidades autónomas, a RS (49% do território) e a Federação Croata-Muçulmana, ligadas por um governo central fraco.
Na quarta-feira à noite, Dodik estava em Sarajevo, num edifício pertencente à RS a poucos metros da fronteira interna, quando os inspetores da SIPA, a polícia federal, tentaram aproximar-se do edifício.
Não ficou claro até ao momento se a SIPA tinha a intenção de deter Dodik por causa do mandado, ou se deslocou ao local por outra razão.
A polícia "tentou executar a ordem judicial referente à detenção de Milorad Dodik pelo crime de violação da ordem constitucional. Houve discussões com a polícia do Ministério do Interior da República da Sérvia. A ordem não foi executada", frisou uma porta-voz da polícia à estação de televisão BHRT.
Entretanto, contactada posteriormente pela agência France-Presse (AFP), recusou confirmar se se tratou de uma tentativa de detenção.
A polícia interveio "de acordo com uma ordem do tribunal da Bósnia e Herzegovina. (...) Tentámos cumprir as ordens, mas os agentes foram impedidos de o fazer pelo Ministério do Interior da República Sérvia", frisou.
"Aqueles que entraram no território da República Sérvia esta noite violaram as suas leis", realçou, por sua vez, Dodik durante uma conferência de imprensa improvisada na quarta-feira à noite.
Dodik, de 66 anos, teve leis aprovadas em fevereiro que proibiam qualquer ação da polícia e do sistema judicial bósnio no território da RS.
Estas leis, adotadas em resposta à sentença de Dodik de um ano de prisão e seis anos de proibição de exercer cargos públicos, levaram a Bósnia à beira da crise e aumentaram os receios de uma rutura das frágeis instituições do país.
"Não tenho qualquer intenção de deixar este edifício sob pressão", sublinhou Dodik.
Esta noite "mostrará quem tem o poder de fazer cumprir as leis. (...) Estas pessoas da SIPA estão a tentar mostrar que são capazes de fazer alguma coisa. Penso que vão mostrar que não são capazes disso".
O ministro do Interior da Federação Croata-Muçulmana, Ramo Isak, criticou a ação policial.
"Enviar alguns inspetores ao centro administrativo do governo da RS em Sarajevo Oriental com ordens para tentar prender Milorad Dodik, e tudo isto sem a assistência da unidade especial do SIPA, coloca realmente em causa a capacidade da agência estatal de garantir a aplicação da lei em todo o seu território", vincou o ministro, citado pela BHRT.
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