Washington, 23 abr 2025 (Lusa) - O chefe da diplomacia norte-americana, Marco Rubio, anunciou terça-feira uma reorganização do Departamento de Estado, prevendo suprimir ou dar novas designações a gabinetes responsáveis pelos direitos humanos e pelos crimes de guerra na Ucrânia, e implicando cortes de pessoal.
"Na sua forma atual, o Departamento está sobredimensionado, burocrático e incapaz de cumprir a sua missão essencial de diplomacia nesta nova era de competição entre grandes potências", declarou Rubio, responsável pela diplomacia da Administração de Donald Trump.
"Estamos a enfrentar desafios tremendos em todo o mundo. Para cumprir a política externa 'América Primeiro' do Presidente Trump, temos de tornar o Departamento de Estado Grande de Novo", refere a nota hoje divulgada pelo gabinete de Rubio.
O aparelho diplomático norte-americano é, desde há muito, alvo dos conservadores, que defendem uma administração mais virada para a defesa dos interesses do país e menos para a promoção de direitos humanos ou cooperação.
A reorganização anunciada hoje inclui a abolição da divisão para "segurança dos civis, da democracia e dos direitos humanos", que será substituída por outra, responsável pela "coordenação da ajuda externa e dos assuntos humanitários".
Esta deverá absorver o que resta da USAID, a agência de desenvolvimento que durante anos geriu um orçamento que representava quase metade da ajuda humanitária mundial, agora drasticamente cortado pela Administração Trump.
A designação do gabinete de proteção dos direitos laborais globais foi alterada para defesa da "liberdade religiosa".
A reorganização proposta também elimina uma unidade que documentava crimes de guerra na Ucrânia, bem como outra que trabalhava para prevenir abusos.
Segundo Rubio, a nova abordagem "dará poderes ao Departamento a partir da base, desde os gabinetes até às embaixadas" e "as funções específicas de cada região serão consolidadas para aumentar a funcionalidade, os gabinetes redundantes serão eliminados e os programas não estatutários que não estão alinhados com os interesses nacionais fundamentais da América deixarão de existir".
"Sob a liderança do Presidente Trump, temos um comandante em chefe empenhado em colocar a América e os americanos em primeiro lugar. Como seu secretário de Estado, estou confiante de que um Departamento de Estado reformado irá corresponder ao momento e ajudar a tornar o nosso país grande mais uma vez", adiantou.
Marco Rubio indicou ainda no X que o número de gabinetes no Departamento de Estado seria reduzido de 734 para 602 e que os adjuntos do secretário de Estado teriam de propor planos, no prazo de um mês, para reduzir em 15% o número de funcionários pelos quais são responsáveis.
Um alto funcionário do Departamento de Estado disse à imprensa norte-americana que a redução de postos de trabalho não implicaria necessariamente despedimentos e que o plano apresentado hoje seria discutido no Congresso e com os funcionários nos próximos meses, a fim de finalizar a reorganização.
O plano apresentado é menos drástico do que outras versões inicialmente previstas.
Na semana passada, vários meios de comunicação social norte-americanos noticiaram potenciais cortes drásticos no orçamento do Departamento de Estado, que resultariam no fim do financiamento de organizações internacionais como a ONU e a NATO.
O plano foi inicialmente revelado pelo New York Times e desmentido mais tarde pelo chefe da diplomacia norte-americana.
"Trata-se de uma informação falsa", escreveu na rede social X, insistindo que o jornal tinha sido "vítima de mais um embuste".
Um projeto de decreto presidencial a que alguns meios de comunicação tiveram acesso no último fim-de-semana previa que os Estados Unidos reduzissem consideravelmente a sua presença diplomática em África, no âmbito de uma "reorganização estrutural total" do Departamento de Estado.
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